quinta-feira, 26 de julho de 2012

Prêmio Nobel de Química 2011 apresenta palestra na UFRJ



"A descoberta dos quasicristais: sua importância na concepção da matéria sólida" será ministrada amanhã (27), às 11h.

O professor Daniel Shechtman, ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2011, apresentará nesta sexta-feira (27), no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a palestra intitulada "A descoberta dos quasicristais: sua importância na concepção da matéria sólida". A palestra ocorrerá na sala 343 do Bloco A do Centro de Tecnologia, às 11h.

Shechtman é professor of Materials Science do Instituto de Tecnologia de Israel - Technion e professor of Materials Science da Iowa State University, nos EUA. A concessão do Prêmio Nobel se deu pela descoberta dos chamados quasicristais, sólidos cujo arranjo atômico não apresenta periodicidade, assemelhando-se a um "mosaico árabe". Os quasicristais apresentam propriedades físicas especiais, que lhes conferem grande importância científica e tecnológica.
(Informações Instituto de Física/UFRJ)

Segurança na Internet, artigo de Luis Antonio Tavares


Luis Antonio Tavares é professor de Informática no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas. Artigo enviado ao JCEmail pelo autor.

A segurança na Internet tem sido um tema preocupante e muito debatido nos dias atuais. Os constantes ataques de hackers, que hoje em dia, ocorre inclusive contra sites de médio porte, somados a denúncias de que os governos usem serviços na Internet para espionar os cidadãos e citando ainda os ciberataques que, segundo algumas fontes, foram utilizados recentemente no oriente médio numa disputa entre os governos de Israel e Irã, nos faz pensar o que nos aguarda no futuro da Internet.

O fato é que nossas vidas são cada vez mais dependentes de serviços online e a segurança das nossas informações traz o seguinte questionamento: Até qual ponto devemos nos expor e confiar nesses serviços? Alguns especialistas afirmam que o ideal seria pagar por nossa conta de e-mail, assim como pagamos pela de telefone, como uma garantia a mais por nossa privacidade.

Mas mesmo enquanto dependentes desses recursos há muito o que pode ser feito para se precaver no diz respeito a exposição de suas informações. Veja algumas dicas a seguir:

1. Sempre atualize seu navegador para as versões mais recentes;
2. Tenha o hábito de sair, efetuar logout ou opção equivalente;
3. Crie senhas difíceis de serem descobertas e altere-as regularmente;
4. Cuidado ao receber links através de e-mails ou através de mensagens de programas de conversação. Certifique-se de que o link seja confiável;
5. Cuidado ao abrir anexos. Você pode receber e-mail com anexos nocivos mesmo de pessoas próximas. Algumas vezes arquivos mal intencionados pode aparentar ser uma simples foto ou vídeo.
6. Cuidado com e-mails falsos de cobrança ou contendo requisições bancárias. Bancos não costumam pedir informações por e-mail;
7. Não entre em sites de conteúdo duvidoso, como sites que contenha conteúdo pornográfico ou informações sobre hackers. Muitos sites possuem rotinas mal intencionadas que são executados ao abrir a página;
8. Mantenha o antivírus atualizado em seu computador;
9. Realize cadastros somente em sites confiáveis.
10. Evite expor informações pessoais desnecessárias em sites de relacionamentos.

Apesar de serem práticas que podem dar um certo trabalho no início, após um tempo você verá estas dicas se tornarem procedimentos naturais do seu dia-a-dia. Ser um usuário atento no mundo internet pode evitar muitas situações indesejadas.

* A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do jornal.

Minha terra tem ciência


Exposição 'Ciência Hoje 30 anos' traz as comemorações do aniversário do Instituto à Reunião Anual da SBPC, evento que testemunhou o nascimento da revista, em 1982.

A revista Ciência Hoje funciona desde a sua criação na cidade do Rio de Janeiro. Porém, se expressada numa hipotética certidão de nascimento, sua naturalidade poderia ser atribuída à Reunião Anual da SBPC. Afinal, foi em um desses encontros, mais especificamente na sua edição de número 34, realizada em Campinas, em 1982, que a publicação foi apresentada ao Brasil.

Desde então, o país mudou e a CH acompanhou esse movimento. Cresceu, se diversificou e superou dificuldades, mas nunca deixou de marcar presença nas edições do encontro. Neste ano em que completa seu 30º aniversário, no entanto, participa do evento em 'traje de gala': durante a edição de 2012, que acontece nesta semana em São Luís, no Maranhão, a Reunião Anual da SBPC recebe a exposição 'Ciência Hoje 30 anos'.

A mostra resgata um pouco da história do país, da ciência nacional e dos momentos vividos pelo próprio Instituto Ciência Hoje nesse período. No espaço, grandes painéis e totens interativos reproduzem algumas das mais emblemáticas capas da publicação. A exposição cria uma linha do tempo que reúne fatos políticos, econômicos e científicos importantes ocorridos no Brasil e no mundo ao longo dos últimos 30 anos, além, é claro, de apresentar a forma como esses eventos foram traduzidos nas páginas da Ciência Hoje.

Em telas multitoque, o acervo completo da publicação também pode ser acessado, proporcionando um mergulho mais profundo na realidade da ciência nacional das últimas três décadas.

A exposição está instalada no campus Bacanga, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde ocorre a 64ª Reunião Anual da SBPC. O lugar? O andar térreo do Centro Pedagógico Paulo Freire, coração do evento e por onde circulam milhares de pessoas todos os dias. A mostra tem atraído a atenção: as grandes capas ampliadas da revista, com seus painéis interativos, detêm os apressados visitantes, que muitas vezes passam correndo para assistir a alguma mesa. No fim, acabam não resistindo às imagens e até param para tirar fotos.

Quem está aqui no Maranhão participando do evento ainda pode conhecer ou visitar novamente a exposição. Ela é gratuita e fica em cartaz até sexta-feira, quando termina a reunião. Para quem não pode conferir de perto, a Ciência Hoje preparou um vídeo que apresenta parte da exposição, além de mostrar a opinião dos visitantes sobre a revista e sobre a importância da divulgação científica no país.

(Instituto Ciência Hoje)

Nova Plataforma Lattes é lançada na 64ª Reunião Anual da SBPC


A plataforma conta agora com abas em que a comunidade científica e tecnológica poderá registrar informações sobre inovação, educação e popularização da ciência e tecnologia e patentes e registros, que ganham um módulo específico.

A nova Plataforma Lattes foi lançada oficialmente, nesta segunda-feira (23), durante a Conferência "Ciência, Tecnologia e Inovação como protagonistas do Desenvolvimento Sustentável", proferida pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, na 64ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), em São Luís (MA). A nova versão traz funcionalidades que introduzem possibilidades de analisar de forma sistemática as atividades de ciência e tecnologia.

A plataforma conta agora com abas em que a comunidade científica e tecnológica poderá registrar informações sobre inovação, educação e popularização da ciência e tecnologia e patentes e registros, que ganham um módulo específico. Para o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, as informações disponibilizadas neste sistema deixam de ser somente declaratórios e acrescentam o elemento de confiabilidade dos dados.

Para aqueles que vão informar suas inovações, será necessário indicar o CNPJ da empresa onde foi desenvolvido o projeto, entre outras informações. Após preencher os dados, um e-mail será encaminhado ao responsável pela empresa onde ocorreu a colaboração para certificação do projeto. Já na aba Patentes, o pesquisador poderá incluir o número da patente e os todos os dados serão recuperados na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Após isso, ao lado da patente indicada, aparecerá o símbolo de certificação deste instituto.

Segundo Glaucius Oliva, em razão da introdução destas mudanças, os critérios de avaliação de projetos do CNPq passam a considerar o mérito científico do projeto; a relevância, originalidade e repercussão da produção científica do proponente; a formação de recursos humanos; a contribuição científica, tecnológica e de inovação incluindo patentes; a inserção internacional da pesquisa; a contribuição em educação e popularização da ciência entre outros quesitos.

Visite a nova Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/.
(Ascom do CNPq)

Desafios do Enem são discutidos entre estudantes e pesquisadores


Temas como a correção das redações e a possibilidade de haver mais de um exame por ano estiveram na pauta da mesa apresentada na 64ª Reunião Anual da SBPC.

Uma plateia lotada de estudantes assistiu nesta quarta-feira (25), durante a 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a palestra 'Desafios do Enem', que contou com a presença de Luiz Cláudio Costa, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); e com os professores Nilson José Machado (Universidade de São Paulo) e Maria Inês Fini (Universidade Metropolitana de Santos), que participaram da criação do exame.

Costa deu início à discussão falando que o Brasil tem 17,4% dos jovens em idade adequada para entrar na universidade atualmente, e que teóricos acreditam que para que a educação superior seja considerada "de massa" esse número deve ser de 30%. "Temos um número baixo. O que queremos é caminhar para a massificação e depois para a universalização", afirma.

Ele lembra da lógica "perversa" do vestibular - que já completou cem anos no Brasil -, por obrigar o aluno a escolher a universidade antes da prova e diminuir as chances de quem não tem condições financeiras de prestar mais de um vestibular. Costa sublinha que o Enem democratizou o acesso. "Tivemos quase quatro milhões de jovens que não pagaram a taxa de inscrição de R$ 35; ele é inclusivo", completa.

Criado em 1998, o Enem teve seu grande salto em 2009, quando surgiu a proposta de utilizá-lo como mecanismo de acesso democrático ao ensino superior de todo o País. Nilson José, que participou do grupo de trabalho do primeiro Enem (liderado por Maria Inês Fini), lembra as mudanças pelas quais o exame passou com as trocas de governo. "Depois de ser ameaçado de acabar, cinco anos após sua criação, virou a menina dos olhos do Inep e do MEC. Mas de 2010 para cá, o Enem tem uma cara ruim porque o foco todo foi para os problemas, como os de logística e o de roubo de provas", lamenta, lembrando que a intenção da mesa-redonda era apresentar propostas e não apontar os erros.

Ajustes - Costa afirma que a última edição teve 6,4 milhões de participantes, sendo que 1,2 milhão se inscreveu no último dia, quando chegou a haver mais de seis mil pessoas acessando o site por hora. "Por ser um exame dessa grandeza, tivemos questões logísticas operacionais. Tivemos problemas nas três edições e precisamos trabalhar arduamente para que haja tranquilidade desde a inscrição até a prova", relata, citando que o exame conta com duas comissões de especialistas e um comitê de governança.

Outra questão polêmica diz respeito à correção das redações. Costa alegou ter descoberto que até instituições de excelência internacional como o MIT têm problemas com a correta avaliação de textos em suas seleções e assegurou que está havendo um avanço para garantir o melhor funcionamento dessa correção.

Ele detalha que a redação vale de zero a mil pontos e lembra que são avaliadas cinco competências, como domínio da norma culta e intervenção no tema. Dois avaliadores corrigem a prova, sem saber o resultado um do outro. Até a última edição, se as avaliações diferissem em a partir de 300 pontos, a redação passaria por um terceiro avaliador. Agora, a discrepância necessária para a entrada de um terceiro corretor será a partir de 200 pontos.

De acordo com Costa, o Inep está investindo em treinamento e qualificação dos avaliadores, com a ideia de padronizar o máximo possível a correção dos textos. Além disso, serão lançados na semana que vem um guia de redação para o Enem, disponível para download e distribuído em escolas públicas, e um edital de R$ 2 milhões para indução do conhecimento em correção de texto.

PLC 180/2008 - Helena Nader, presidente da SBPC, perguntou sobre a posição do Inep a respeito do Projeto de Lei nº 180/2008, que determina a reserva de metade das vagas nas instituições de ensino superior públicas para estudantes oriundos do ensino médio em escolas públicas. Além disso, em seu artigo 2º, o projeto proíbe a realização de exames vestibulares ou o uso do Enem, obrigando que o processo seletivo adote exclusivamente a média das notas obtidas pelos candidatos nas disciplinas cursadas no ensino médio. Dessa maneira, o ingresso no ensino superior deixa de ser responsabilidade da universidade e passa a ser subordinado aos critérios de cada escola.

"A gente sabe que o ensino é diferente em cada instituição, com algumas escolas mais rígidas que outras. Para onde vai a qualidade?", questiona, lembrando que o PLC "fere a decisão da universidade de escolher qual exame [seletivo] ela quer [adotar]". Costa afirma que é necessário ter medidas afirmativas no País, mas também demonstrou preocupação em relação à autonomia das universidades. "Eu gostaria muito que isso fosse debatido profundamente na academia", opina.

Ensino Médio - Maria Inês Fini, que falou pela primeira vez em público sobre o Enem nesta mesa-redonda, afirma que o desafio mais significativo, em sua opinião, é a vinculação do Enem ao Ensino Médio. Ela lembra que o exame nasceu baseado em três eixos estruturantes da reforma do EM de 1998, em que haveria "o desenvolvimento de competências e habilidades ao final da escolaridade básica, com provas interdisciplinares, contextualizadas e organizadas em situações problema".

A professora ressalta a intenção que existia de eleger nas avaliações um novo conceito de aprendizagem, "mais abrangente, que reconhecia que informação não é conhecimento e que memória não é inteligência". As competências exigidas continuaram as mesmas em relação ao 'novo' Enem, no total de cinco: domínio da linguagem, construção de conceitos, resolução de problemas, argumentação consistente e intervenção/criatividade.

No Enem atual, inspirado nas matrizes do antigo Exame Nacional de Certificação de Competências de Educação de Jovens e Adultos (Encceja), há cinco eixos cognitivos, quatro áreas de conhecimento, com trinta competências cada, que se abrem em 120 habilidades, além da lista de conteúdos, segundo lembra Nilson José Machado.

Porém ainda permanecem dúvidas a respeito de como se orientar na hora de estudar e ensinar. "Estudantes questionam a aplicação de simulados com antigas provas do Enem. Não sou contra que eles se familiarizem com o exame, mas acho que não está claro o que vai ser avaliado: as habilidades ou conteúdo? Como estudar para ele?", indaga Maria Inês.

Outra questão latente é o aumento do número de exames. Costa é cuidadoso ao tratar o tema. "Queremos resolver as questões operacionais e profundas e estamos alcançando avanços e atualizações. Fazer dois Enem por ano por quê? Para diminuir a tensão ou por que há público? Temos o alicerce estrutural para fazê-lo, mas temos que pensar que benefício isso terá para a educação", conclui.

(Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência)

Idioma inglês, educação e orçamento são os desafios da ciência, diz Prêmio Nobel de Química 2011


Daniel Shechtman encantou centenas de estudantes, cientistas, pesquisadores em apresentação na 64ª Reunião Anual da SBPC sobre sua trajetória na descoberta dos quasicristais.

A limitação do idioma inglês, a qualidade da educação e a manutenção do orçamento para pesquisa são os três gargalos da área científica, principalmente de países em desenvolvimento - disse o cientista israelense Daniel Shechtman, ganhador do prêmio Nobel de Química em 2011.

Ele concedeu entrevista coletiva à imprensa ontem (24) após ministrar conferência na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís.

Segundo Shechtman, a língua do mundo científico é o inglês e nem todos os cientistas falam esse idioma. "A ciência é universal, mas o idioma pode ser um obstáculo", disse o cientista, que ganhou o Prêmio Nobel de Química no ano passado pela descoberta dos quasicristais em 1982, teoria que alterou a forma como os químicos entendem a matéria sólida e abriu espaço para pesquisas do diesel até materiais para panelas.

No caso da educação, ele disse ser necessário começar a investir nessa área muito cedo e com alta qualidade nos países latino-americanos. Além disso, as crianças devem ter acesso à ciência na pré-escola. Em países desenvolvidos, ele exemplificou, as crianças com seis anos de idade já sabem ler.

O Nobel de Química de 2011 acrescentou que o orçamento para pesquisa "deve ter um fluxo contínuo". Pois sem ele "não há ciência". Segundo Shechtman, os cientistas também devem contribuir e pautar o governo sobre as prioridades da área. 

Futuro da química verde - Respondendo à imprensa sobre o futuro da química no Brasil, ele declarou que "não há como prever". Acrescentou, porém, que em um país rico em biodiversidade, como é o Brasil que possui a Amazônia, a ciência biológica precisa ter forte investimento em pesquisa e trabalhar em parceria com o setor da química.  Para tanto, o cientista israelense disse, essa medida requer tempo e educação com alta qualidade.

"Se não for assim o Brasil vai continuar fazendo, mas não conquistará a liderança", disse. Ele considera fundamental para a ciência a comunicação e a troca de experiência com outros países.

Nascido em 1941 em Tel Aviv, o Nobel de Química de 2011 é professor dos departamentos de Engenharia de Materiais do Instituto Tecnológico de Haifa, em Israel, e de Ciências dos Materiais da Universidade Estatal de Iowa, nos Estados Unidos.

Gravata - Antes de conceder coletiva à imprensa, o Prêmio Nobel de Química de 2011 ministrou conferência no auditório principal da UFMA. Bem humorado, ele chamou a atenção pela sua gravata azul marinho com desenhos de elementos químicos.

Trajetória - Na Reunião Anual da SBPC em São Luís, Shechtman encantou a plateia composta de centenas de estudantes, cientistas, pesquisadores, dentre outros, ao falar sobre sua trajetória na descoberta dos quasicristais. Ele lembrou ter sido rejeitado pelos próprios colegas e por eminentes cientistas e chegou a ser retirado do grupo de pesquisa quando apresentou seu "paper" sobre a teoria.

Shechtman, que considera a perseverança e tenacidade elementos importantes para qualquer jovem cientista, publicou seu trabalho na revista Physical Review Letters em 1984.

Na conferência, o cientista israelense explicou como foi a descoberta dos quasicristais. Antes da conclusão de sua teoria, lembrou ele, os cientistas acreditavam que a matéria sólida era sempre de átomos organizados em uma ordem definida que podia ser repetida diversas vezes para formar uma estrutura de cristal. Sua teoria revelou, porém, que os átomos não possuíam apenas um arranjo que podia ser repetido. Ao analisar as imagens de um material ele descobriu um formato inexistente até então.

(Viviane Monteiro - Jornal da Ciência)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Álbum de Homenagem ao Dia do Químico

Confira as fotos do evento realizado pelo Grupo Capela da Ciência no dia 16 de Junho, dia do Químico.
Evento realizado no auditório central da UVA que teve a participação dos professores e alunos do Curso de Química e convidados, nesse evento o grupo, na pessoa do Prof.: Murilo Sérgio, apresentou um panorama do curso de química da UVA desde de sua criação até hoje, tivemos convidados que já se formaram no curso e hoje trabalham com diferentes ramos da química, por fim a presentação de uma peça sobre Química Forense e um coffe-break de encerramento. 
Confira!





13º Fórum Internacional Software Livre


Agência FAPESP – Entre os dias 25 e 28 de julho será realizado no Centro de Eventos da PUC-RS, em Porto Alegre, o 13º Fórum Internacional Software Livre (FISL).
O evento é o maior encontro de comunidades de software livre da América Latina e um dos maiores do mundo. Na sua 13ª edição, terá como tema o cooperativismo, a sustentabilidade e a liberdade.
Uma das grandes novidades da programação este ano é a Rodada de Negócios e Competências em Tecnologias Livres, organizada com o apoio do Sebrae-RS. A ação tem por objetivo aproximar empresas que produzem e contratam serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação e usam tecnologias livres, tendo como foco a complementaridade de competências.
A programação geral, como de costume, está sendo montada com a colaboração da comunidade de software livre brasileira. Cerca de 600 propostas de palestras foram submetidas à organização do evento. O material é repassado à comunidade (formada por participantes inscritos e palestrantes desta e das últimas edições e por sócios da Associação SoftwareLivre.Org), que vota nas melhores ideias para compor a grade da palestras e oficinas do evento.
Também haverá palestrantes de destaque nacional e internacional convidados pela coordenação do FISL.
Mais informações e inscrições: http://softwarelivre.org/fisl13/sobre-o-evento

terça-feira, 10 de julho de 2012

Encontrado o bóson de Higgs

JC e-mail 4535, de 09 de Julho de 2012

Por Marcelo Gleiser
Professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA).
Artigo publicado na Folha de São Paulo de domingo (08/07/2012)

            Como não poderia deixar de ser, nesta semana escrevo sobre a descoberta sensacional do bóson de Higgs, anunciada na última quarta feira (4), pelos cientistas do laboratório Cern, em Genebra, na Suíça. Começo repetindo a história de como o bóson de Higgs ficou conhecido como "partícula de Deus".

            Obviamente, uma partícula elementar não tem nada a ver com Deus. O apelido vem do título do livro de Leon Lederman, o prêmio Nobel que durante anos caçou a partícula (a busca pelo bóson de Higgs durou ao todo 45 anos!).

            Lederman conta que originalmente queria dar ao livro o título em inglês "The Goddamn Particle" ("A partícula Amaldiçoada por Deus" ou simplesmente "A Desgraçada da Partícula"). A ideia era demonstrar sua frustração em não tê-la encontrado. Porém, o editor do livro achou que, com a exclusão de "desgraçada" do título, o livro venderia bem mais. A coisa vingou - para o livro de Lederman e para a partícula.

            Mas por que tanta empolgação com o bóson de Higgs, que inclui bilhões de dólares gastos na busca por uma mera partícula?

            Essencialmente, o bóson de Higgs era a peça que faltava no chamado Modelo Padrão, que descreve tudo sobre as partículas que conhecemos no Universo. Achá-lo significa completar esse modelo com enorme sucesso.

            O papel do Higgs é único entre as partículas: ele é responsável por "dar massa" a todas as outras. Vale lembrar que, na física moderna, as entidades essenciais são os campos. Partículas são excitações desses campos, como pequenas ondas na superfície de um lago. O campo de Higgs estaria por toda a parte, como o ar na nossa atmosfera. Ele interage com os campos de outras partículas: por exemplo, o campo dos elétrons ou o dos fótons (o campo eletromagnético), as partículas de luz. Essa interação tem uma intensidade que varia de campo para campo. É essa intensidade variável que determina a massa das partículas e as suas diferenças.

            Por que, então, o nome de "bóson"? As partículas que conhecemos podem ser divididas em dois grupos, chamados genericamente de bósons e férmions. "Bóson" homenageia o físico indiano Jagadish Chandra Bose, que desenvolveu, junto com Einstein, as propriedades dessas partículas. Elas gostam de existir em grupos com muitas delas. O Higgs e os fótons são bósons. Já os férmions (em homenagem ao físico italiano Enrico Fermi) são mais exclusivos e no máximo aparecem em pares. Os elétrons e os prótons são férmions.

            Ninguém "viu" um bóson de Higgs, pois eles se desintegram em outras partículas em minúsculas frações de segundo. O que se "observa" são os vários produtos dessas desintegrações. Os resultados são estatísticos, devido aos bilhões de colisões e desintegrações que ocorrem. Na física de partículas, uma "descoberta" é um evento tão raro que a chance de surgir outra nova explicação é de uma em 3,5 milhões.

            O interessante é o que está por vir. Sabemos que a partícula é um bóson. Mas não sabemos se corresponde à previsão mais simples do Modelo Padrão ou se é algo mais exótico. Todos torcem pelo exótico, pois terão abertas portas para uma nova física. Depois de 45 anos, seria uma pena encontrar só o Higgs.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Documentário Ciência Hoje 30 anos

Documentário em homenagem aos 30 anos do Instituto Ciência Hoje, conta a história da 'Ciência Hoje', explora o conceito de divulgação científica promovido pelo Instituto e aborda suas conquistas também no campo da educação. 




Blog entrevista o físico Henrique Lins de Barros

A mais recente entrevista realizada pelo blog Dissertação Sobre Divulgação Científica traz uma novidade: pela primeira vez, o quadro acontece com um pesquisador da área de exatas. O físico Henrique Gomes de Paiva Lins de Barros é cientista e professor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), além de docente também da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto Carlos Chagas.
 
Por um lado, a física faz parte da essência da formação dele, que cursou o bacharelado (PUC/RJ-1970), o mestrado (PUC/RJ-1973) e o doutorado (CBPF-1978) nesse campo. Por outro lado, Lins de Barros também adquiriu reconhecimento nas áreas humanas e sociais. Entre 1992 e 2000, ele foi diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), já publicou livros sobre a história da ciência, dirigiu e roteirizou vídeos sobre divulgação científica, incluindo o documentário Santos Dumont, O Homem Pode Voar, em celebração aos 100 anos do primeiro voo realizado pelo pai da aviação. Além de teses e dissertações em física, claro!, ele também orientou mestrandos e doutorandos em divulgação científica e museologia, entre diversas outras atividades que compõem o currículo desse cientista carioca.

Tamanha interdisciplinaridade pode ser identificada na entrevista que ele concedeu ao blog, em que aborda o contexto contemporâneo e a importância da DC, a aceitação acadêmica pela atividade, faz críticas à divulgação distorcida e também fala um pouco sobre a carreira.

Confira a entrevista na íntegra no blog:http://dissertacaosobredc.blogspot.com.br/.

(Informações do jornalista Bruno Lara)

Projeto Biomas inicia segunda etapa no Cerrado


Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, unidades Cerrados (Planaltina-DF) e Florestas (Colombo-PR), Universidade Federal de Goiás (UFG) e de Brasília (UnB) iniciaram a segunda etapa do Projeto Biomas, relacionado ao Cerrado. Um dos objetivos centrais do Projeto Biomas é fortalecer o uso do componente arbóreo na propriedade rural.  Na Fazenda Entrerios, no PAD-DF, foram realizadas atividades de diagnóstico e caracterização em Áreas de Preservação Permanente (APP), Reserva Legal (RL) e de Uso Alternativo do Solo, ou seja, aquelas utilizadas na agricultura. O levantamento inicial indicou que a degradação na área de vegetação natural atinge cerca de 60% das áreas analisadas. De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados Felipe Ribeiro, a situação é mais severa na APP em torno da nascente localizada em região mais seca da fazenda. 
Após a conclusão da fase diagnóstico, os pesquisadores irão elaborar parcerias em subprojetos para a recuperação das áreas degradadas para trazer alternativas com a utilização de espécies arbóreas na fazenda. No desenvolvimento desses subprojetos também participarão outras unidades da Embrapa - Agrobiologia e Recursos Genéticos e Biotecnologia-, assim como a Universidade Federal de Goiás (UFG), Emater (de Goiás e do Distrito Federal)e a Ecodata (Agência Brasileira de Meio Ambiente e Tecnologia da Informação).

Na próxima etapa do projeto, previsto para final de outubro, os subprojetos serão instalados, em área em torno de 50 hectares da propriedade. "Com esses experimentos, de plantio de sementes e mudas de plantas comerciais e nativas, vamos mostrar como o produtor pode incluir de maneira sustentável o elemento arbóreo em sua propriedade", explica Ribeiro.

Além de ser uma proposta coletiva de pesquisa multidisciplinar, o trabalho executado na Fazenda Entrerios servirá de modelo de como o produtor pode compatibilizar sistemas de produção e preservação ambiental no bioma Cerrado. Para transferir as tecnologias utilizadas nos experimentos, as instituições envolvidas desenvolverão atividades de transferência e disseminação de tecnologias. A última etapa do projeto será a de avaliação dos impactos dessas tecnologias na propriedade rural.

Projeto Biomas - Coordenado pela Embrapa Floresta e pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o Projeto Biomas objetiva viabilizar soluções técnico-científicas para a proteção e o uso sustentável de paisagens rurais nos diferentes biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Com duração total de nove anos, o projeto envolve, de forma direta, pelo menos 240 pesquisadores de diferentes instituições de pesquisa e desenvolvimento.

Além de buscar formas de se fazer a melhor apropriação da árvore na propriedade rural, trazendo benefícios sócio-econômico-ambientais, o projeto também busca gerar resultados científicos que possam subsidiar as discussões técnicas relacionadas ao aprimoramento da legislação ambiental brasileira.

Para saber mais sobre o Projeto Biomas, acessehttp://www.projetobiomas.com.br.

Para assistir ao vídeo 2ª Etapa do Projeto Biomas no Cerrados, acesse http://www.youtube.com/watch?v=fvvmOk33JiU.

(Ascom da Embrapa Cerrados)

Manifestação conjunta ABC e SBPC sobre o PL 180/2008 que obriga a adoção de quotas para ingresso em universidades públicas e proíbe a realização de exames vestibulares







A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), preocupadas com o teor do PL 180/2008 que tramita no Senado Federal solicita aos senhores Senadores que não aprovem o referido instrumento, pelas razões enunciadas a seguir.
O PL determina a reserva de 50% das vagas em IFES para estudantes oriundos do ensino médio em escolas públicas. Adicionalmente, em seu Artigo 2º, proíbe a realização de exames vestibulares ou o uso do ENEM, obrigando que o processo seletivo adote exclusivamente a média das notas obtidas pelos candidatos nas disciplinas cursadas no ensino médio, tornando assim o ingresso no ensino superior dependente dos critérios de avaliação de cada escola. Ainda, o Artigo 3º determina que essas vagas, em cada curso e turno, sejam destinadas a candidatos autodeclarados negros, pardos e indígenas, no mínimo igual à proporção de negros, pardos e indígenas, na população da Unidade da Federação onde está instalada a instituição.


Consideramos que ao mesmo tempo em que o Brasil precisa criar condições mais inclusivas para o acesso à universidade, o País também precisa aumentar a qualidade dos cursos de ensino superior oferecidos em instituições públicas e privadas. A ABC e a SBPC reiteram que o acesso dos brasileiros à educação superior é tão importante quanto o grau de excelência desta educação. A oferta de oportunidades educacionais de qualidade é a garantia da cidadania e do desenvolvimento sócio econômico do País.

Um dos mais importantes instrumentos para se atingir estes objetivos no ensino superior é a "autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial universitária", garantida pelo Artigo 207 da Carta Magna brasileira. Faz parte da autonomia didático-científica a definição pela universidade da sistemática para a seleção dos estudantes ingressantes, lembrando que a Constituição brasileira dispõe no Artigo 208 o seguinte: "O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de (inciso V): acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um."

A atitude das instituições de ensino superior públicas brasileiras quanto às ações afirmativas tem demonstrado o enorme interesse e a criatividade destas organizações no tratamento do importante desafio da inclusão. Diferentes propostas de ações afirmativas, adequadas a cada cultura institucional e regional têm sido adotadas e é nosso entender que não se deve ceifar este movimento com uma obrigação uniforme e atentatória à autonomia universitária.

São Paulo/Rio de Janeiro, 4 de julho de 2012

Atenciosamente,

Helena Bonciani Nader
Presidente da SBPC

Jacob Palis
Presidente da ABC

Cientistas descobrem por que tomates vistosos não são saborosos

Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos identificou as alterações moleculares responsáveis pelo amadurecimento uniforme característico da maioria dos tomates à venda em supermercados e feiras.

Essas alterações fazem com que os tomates amadureçam no tempo certo para os vendedores, ganhando em aparência e aumentando as vendas. Mas o amadurecimento uniforme também implica em redução no sabor do fruto, que acaba com “gosto de papelão”, segundo a revista científica Science, que acaba de publicar os resultados do novo estudo.

Há mais de meio século os produtores têm desenvolvido e selecionado variedades de tomate com coloração verde clara e uniforme antes do amadurecimento.

Na nova pesquisa, Ann Powell, da Universidade da Califórnia em Davis, e colegas dos Estados Unidos, Espanha e Argentina identificaram que o gene responsável pelo amadurecimento do tomate codifica um fator de transcrição denominado GLK2.

Esse fator, uma proteína que regula outros genes, aumenta a capacidade de o fruto fazer fotossíntese, ajudando na produção de açúcares e de licopeno, substância carotenoide que produz a cor avermelhada.

O problema é que a mutação responsável pelo amadurecimento uniforme desativa o gene GLK2. O resultado é que a produção com base no amadurecimento uniforme tem o efeito indesejado de promover o desenvolvimento inferior dos cloroplastos, que contêm a clorofila responsável por transformar energia solar em açúcar. Ou seja, com a perda nos cloroplastos, cai também a produção de ingredientes fundamentais para o sabor do fruto.

“A informação a respeito do gene responsável pelo amadurecimento em variedades selvagens e tradicionais fornece uma estratégia para tentar recapturar as características de qualidade que acabaram excluídas involuntariamente dos modernos tomates cultivados”, disse Powell.

Os autores do estudo sugerem que a manipulação dos níveis de GLK os de seus padrões de expressão podem eventualmente ajudar na produção de tomates e de outros produtos agrícolas com melhor qualidade.

O artigo Uniform ripening Encodes a Golden 2-like Transcription Factor Regulating Tomato Fruit Chloroplast Development (doi: 10.1126/science.1222218), de Ann Powell e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/content/336/6089/1711.

Bateria que pode ser aplicada como tinta


Agência FAPESP – Cientistas da Universidade Rice, nos Estados Unidos, desenvolveram um tipo de bateria que pode ser pintada na maioria das superfícies.

A bateria de íons de lítio é recarregável e é aplicada como se fosse tinta em spray, em camadas, com cada camada representando os componentes de uma bateria convencional. A novidade foi publicada nesta quinta-feira (28/06) na Nature Scientific Reports.

“Com isso as embalagens tradicionais das pilhas e baterias dão lugar a uma abordagem muito mais flexível, que permite inúmeros tipos de novos designs e de possibilidades de integração com dispositivos elétricos e eletrônicos”, disse Pulickel Ajayan, professor de engenharia mecânica e química da Universidade Rice.

O grupo de Ajayan experimentou diversas alternativas para conseguir representar as cinco camadas de componentes em uma bateria: dois coletores de corrente, um cátodo, um ânodo e um separador polimérico.

Os materiais foram aplicados por ar comprimido em materiais como polímeros flexíveis, azulejos, vidro, aço inoxidável e até mesmo canecas de cerveja, para ver como se aderiam a cada substrato.

Em um dos experimentos, nove azulejos com baterias aplicadas foram conectados em paralelo. Em um deles os cientistas colocaram uma célula solar que convertia energia a partir das luzes do laboratório.

Quando totalmente carregadas tanto pelo painel solar como por uma corrente elétrica, as baterias foram capazes de alimentar uma série de LEDs que se acendiam formando a palavra “RICE” por seis horas, com uma voltagem regular de 2,4 volts.

A primeira camada, do coletor de corrente positivo, é uma mistura de nanotubos de carbono de parede única com partículas de carbono dispersas em N-metilpirrolidona, um composto químico. A segunda camada, o cátodo, contém óxido de lítio-cobalto, carbono e pó ultrafino de grafite.

A terceira camada é o separador polimérico, feito de uma resina (Kynar Flex), um termoplástico transparente (PMMA) e dióxido de silício. A quarta camada, o ânodo, é composta por óxido de titânio e lítio, e a quinta camada, uma tinta condutiva à base de cobre, diluída com etanol.

“O mais difícil foi atingir estabilidade mecânica. Nisso, o separador teve um papel fundamental. Verificamos que os nanotubos e as camadas do cátodo se aderiam muito bem, mas, se o separador não fosse estável, os nanotubos se desprenderiam da superfície. Adicionar o PMMM deu ao separador a adesão correta”, disse Neelam Singh, pesquisadora do grupo de Ajayan.

Os pesquisadores da Universidade Rice entraram com pedido de patente para a técnica, que eles pretendem continuar a estudar para que possa oferecer melhor rendimento e eventualmente ser lançada comercialmente.

O artigo Paintable Battery (doi: 10.1038/srep00481), de Pulickel Ajayan e outros, pode ser lido em www.nature.com/srep/2012/120628/srep00481/full/srep00481.html.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Prêmio Fotografia-Ciência & Arte recebe inscrições

Prêmio do CNPq estimula a divulgação de trabalhos científicos por meio de imagens realizadas pelos próprios pesquisadores (CNPq)

         Estão abertas até o dia 2 de agosto as inscrições para a segunda edição do Prêmio Fotografia-Ciência & Arte. Criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o prêmio visa estimular a divulgação de trabalhos científicos por meio da exposição de imagens realizadas pelos próprios pesquisadores, com intuito de dar maior visibilidade à pesquisa científica nos meios de comunicação.

        São três categorias: “Lentes convencionais”, “Lentes especiais” e “Imagens editadas”. Os vencedores em cada uma das categorias receberão prêmios de R$ 8 mil para o primeiro lugar, R$ 5 mil para o segundo e R$ 2 mil para o terceiro colocado.

       O primeiro colocado de cada categoria também receberá passagens aéreas e hospedagem para expor suas fotografias e receber a premiação durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Os resultados do prêmio serão anunciados no início de outubro.

     Mais informações e inscrições: premiofotografia.cnpq.br.

LHC Identifica Provável Bóson de Higgs

Pesquisadores anunciam descoberta de nova partícula, mas ainda precisam de tempo para confirmar que se trata mesmo do arredio bóson que completaria o Modelo Padrão.
Num feito que ficará para sempre marcado na história, físicos do CERN (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares) anunciaram nesta quarta-feira (4) terem encontrado uma nova partícula, com características compatíveis com o almejado bóson de Higgs.
A descoberta, feita com dois instrumentos do LHC (Grande Colisor de Hádrons), o maior acelerador de partículas do mundo, foi anunciada numa teleconferência na sede do CERN, em Genebra (Suíça), transmitida ao vivo para a abertura da 36ª Conferência Internacional em Física de Altas Energias (ICHEP), em Melbourne, Austrália.
O bóson ganhou esse nome em homenagem ao físico escocês Peter Higgs, um dos vários cientistas que desenvolveram a teoria de como as partículas poderiam ter massa, mais tarde incorporada ao Modelo Padrão.
Trata-se da mais completa teoria física já desenvolvida, que explica em detalhes como funcionam todas as partículas e forças da natureza, exceto a gravitação (que ainda é província exclusiva da relatividade geral). Praticamente tudo nele já havia sido experimentalmente confirmado anteriormente, exceto o bóson de Higgs. É a última peça do quebra-cabeça.
"A descoberta do Higgs coroa um dos maiores feitos da humanidade, desde sua concepção intelectual, baseada em noções de beleza e simetria, aos incríveis avanços tecnológicos necessários para materializar esta descoberta", diz Ronald Shellard, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF).
Questões em aberto - Os pesquisadores das colaborações CMS e ATLAS - nomes dos dois experimentos responsáveis pelo achado - ainda são cautelosos ao afirmar que a nova partícula é mesmo o bóson de Higgs.
Os dados mostram além de qualquer dúvida que há uma novidade: uma partícula com energia de 125 GeV (giga-elétronvolts) que decai, entre outras possibilidades, em um par de bósons Z (já conhecidos), que depois se dissolvem em outras partículas. É o resultado desses decaimentos sequenciais que é observado nos detectores do acelerador. A partir dele, os cientistas fazem a "engenharia reversa" do processo para identificar as características originais da partícula.
"Apesar de os eventos [de colisões de partículas no acelerador] sugerirem que estejamos diante do bóson de Higgs, a confirmação de que se trata realmente da partícula predita requer mais medidas comparativas", afirma Sérgio Novaes, físico da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da equipe do CMS.
Concorrência - Na segunda-feira (2), os americanos chegaram a divulgar suas últimas análises dos velhos dados, que mostravam a indicação de uma partícula com as características do bóson de Higgs e uma energia entre 115 e 135 giga-elétronvolts (GeV), com 90% de confiança. Entretanto, ainda estava longe do grau de exigência da comunidade para tratar o resultado como uma descoberta. Somente, agora, com os resultados do LHC é possível cravar a existência da nova partícula, com energia de 125 GeV.
Fim ou recomeço? - A descoberta do Higgs sempre foi anunciada como principal meta para a construção do LHC. Agora que ele provavelmente foi encontrado, pode ficar para o público uma sensação de vazio. Mas o sentimento não é compartilhado pelos físicos.
"Em primeiro lugar, há um equívoco em focar muito no bóson de Higgs", afirma Shellard. "Todos concordamos que o bóson de Higgs não vale US$ 10 bilhões. Essa máquina, o LHC, foi concebida para explorar a natureza! A descoberta do Higgs coroa o maior feito intelectual da história da humanidade até agora, uma teoria que explica uma infinidade de fenômenos naturais. Mas, para o LHC, ela é apenas o começo."
Brasil no CERN - Para fazer parte dessa aventura de desbravamento de maneira mais intensa, o Brasil discute desde 2010 a possibilidade de se associar ao CERN, e uma nova etapa acaba de ser cumprida para que isso se torne realidade. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, já aprovou o envio de um documento que descreve as qualidades técnicas e científicas do Brasil e que dá andamento à negociação.
"Demos um passo importante para que o Brasil seja um país protagonista das grandes descobertas científicas", diz Raupp. "Essa ação também terá como consequência mobilizar a indústria para participar dos avanços tecnológicos significativos que são gerados na interação com o CERN."
As conversas começaram ao final do governo Lula, sob a batuta do então ministro Sergio Rezende, mas ficaram paradas durante o ano passado por conta da crise econômica. Agora voltaram a avançar.
Assim que o Conselho do CERN receber o relatório, irá nomear uma comissão para verificar pessoalmente as instalações nacionais de pesquisa. Uma vez que o Brasil seja aceito como membro, o acordo a ser assinado entre as partes ainda precisará ser aprovado pelo Congresso Nacional para entrar em vigor.
Mas os físicos brasileiros já se animam com a perspectiva de fazer parte desse esforço para desvendar os mistérios que residem além das teorias científicas consagradas, acessíveis através das colisões geradas pelo LHC.
(Ascom da SBF)