James GallagherEditor de Saúde da BBC
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O uso abusivo destas
substâncias tem feito com que algumas doenças sejam atualmente quase
impossíveis de serem combatidas.
Mais da metade dos
antibióticos no mundo são usados em animais, muitas vezes para fazer com que
cresçam mais rápido.
O relatório científico ainda indica novos parâmetros
para o uso de antibióticos em animais.
A administração
excessiva destes medicamentos na criação de animais ganharam novo destaque no
mês passado, quando, na China, pesquisadores advertiram que estamos à beira de
uma "era pós-antibióticos".
Os cientistas
descobriram uma bactéria resistente à colistina, antibiótico usado quando
outros meios usualmente empregados para combatê-la haviam falhado.
Aparentemente, ela surgiu em animais criados por agricultores e também foi
detectada em pacientes em hospitais.
Excesso
Em alguns casos,
antibióticos são usados para tratar infecções em animais doentes, mas a maioria
é usada de forma profilática em animais saudáveis para prevenir infecções ou
aumentar seu ganho de peso - uma prática controversa e mais comum em criações
intensivas.
A expectativa é de
que o consumo de antibióticos no mundo aumente 67% até 2030. Só nos Estados
Unidos, são usadas anualmente 3,4 mil toneladas destas substâncias em pacientes
e 8,9 mil toneladas em animais.
O economista Jim
O'Neill, que liderou o estudo, disse que estes índices são
"estarrecedores" e que 10 milhões de pessoas morrerão por causa de
infecções resistentes a antibióticos em 2050 se esta tendência não for
revertida.
O'Neill destaca em
seu trabalho que a maioria das evidências científicas apontam para uma
necessidade de redução do uso de antibióticos.
Ele indica que uma
meta razoável para o uso de antibióticos pela agricultura seria de 50 mg para
cada 1000 g (kg) de animais - um nível já colocado em prática por um dos
principais países exportadores de carne de porco do mundo, a Dinamarca.
A título de
comparação, os Estados Unidos usam quase 200 mg/kg e Chipre emprega mais de 400
mg/kg.
Custo
"Tenho certeza
que muitos criadores pensarão 'Bem, se temos que fazer isso, significa que o
preço cobrado pelo que produzimos aumentará e não conseguiremos mais concorrer
no mercado", disse O'Neill à BBC.
"O exemplo
dinamarquês mostra que, após um custo de transição inicial, ao longo prazo, os
preços não foram afetados, e a Dinamarca manteve sua participação de mercado."
Antibióticos são
mais úteis em criações com instalações com muitos animais e sujas, onde as
infecções se espalham mais facilmente, então, locais mais espaçosos e
higiênicos são uma forma de reduzir a necessidade de aplicar estas substâncias.
O relatório também
recomenda um maior investimento na pesquisa de vacinas e testes para
diagnosticar infecções específicas e afirma que países deveriam adotar uma
lista de antibióticos que nunca deveriam ser usados em animais por causa de sua
importância no tratamento de humanos.
Jianzhong Shen, da
Universidade Agrícola da China e um dos descobridores da resistência à
colistina, diz que "todos os países do mundo deveriam usar antibióticos na
criação de animais de forma mais prudente e racional".
"Agora é a hora
de haver uma reação global para restringir ou proibir o uso de antibióticos
para acelerar o crescimento ou prevenir doenças."
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