domingo, 27 de maio de 2012

A Química dos Agrotóxicos

Este trabalho descreve a história dos agrotóxicos e sua relação com os conteúdos de química, bem como as consequências de sua utilização no meio ambiente e para a saúde do trabalhador. Ao longo dos tempos, o homem sempre procurou maneiras de combater as pragas que afetam suas plantações, utilizando desde os rituais religiosos até o julgamento de pragas em tribunais eclesiásticos. Produtos químicos utilizados na agricultura para controlar pragas e doenças de plantas, os agrotóxicos são consequentemente os responsáveis pelo aumento da produção agrícola e pelo crescimento da população. Entretanto, podem causar doenças e intoxicações se forem utilizados sem os cuidados necessários, como os equipamentos de proteção individual. Por isso, a conscientização dos estudantes acerca das implicações da utilização dos agrotóxicos e sua relação com os conteúdos de química estudados no ensino médio tornam-se importantes para a formação de cidadãos conscientes e participantes na sociedade.


A Química dos Agrotóxicos
Fonte: Química Nova na Escola

Elemento Químico da Semana - Bromo




Elemento Química da Semana - Bromo! Essa semana vamos aprender um pouco mais sobre o elemento Bromo. Boa leitura!
Fonte: Química Nova na Escola

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ciência é novo tema de concurso do Festival do Minuto


As inscrições vão até o dia 27 de outubro de 2012.


Ciência. É só pensar no termo que já vem à cabeça um laboratório, um rato para experiências e um cientista maluco de avental branco? Pois ciência é muito mais do que essa visão estereotipada, já que nos deparamos com ela nas mínimas coisas do dia a dia - da lâmpada elétrica ao telefone celular, do banho quente aos tratamentos de saúde, da conservação ambiental ao uso da internet. Por isso, o termo pode trazer inúmeras ideias para criar belos vídeos de um minuto. É no que aposta o novo concurso do Festival do Minuto.
Mas, afinal, o que é ciência? Mesmo que sua definição seja bastante abrangente, podemos dizer que ciência é o resultado do esforço humano para aumentar o que se sabe sobre determinado assunto com base em um método científico, ou seja, na observação, no questionamento e no raciocínio lógico. É desse conhecimento que resultam boa parte das descobertas e das invenções. Em resumo, ciência também é resultado da nossa criatividade.

Por isso, para participar do festival, nada melhor do que deixar a imaginação fluir sobre qualquer ciência, seja ela exata, humana ou sobre a vida. Ciência da computação, engenharia, física, matemática, química, zootecnia, botânica, biologia, antropologia... E, como sempre, valem vídeos de 60 segundos em qualquer formato: filmes de animação, vídeos feitos com câmeras digitais, celular, ipad etc. O que vale, mais uma vez, é a criatividade. O concurso segue aberto a pessoas de todas as idades, com inscrições até o dia 27 de outubro.

Festival - O Festival do Minuto foi criado no Brasil, em 1991, e propõe a produção de vídeos com até um minuto de duração. É, hoje, o maior festival de vídeos da América Latina e também o mais democrático, já que aceita contribuições de amadores e profissionais, indistintamente. A partir do evento brasileiro, o Festival do Minuto se espalhou para mais de 50 países, cada um com dinâmica e formato próprios. O acervo do Minuto inclui vídeos de inúmeros realizadores que hoje são conhecidos pela produção de longas-metragens, como os diretores Fernando Meirelles (Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel), Beto Brant (O Invasor, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios) e Tata Amaral (Um Céu de Estrelas, Antônia).
Para saber mais, acesse www.festivaldominuto.com.br.
(Assessoria de Imprensa Festival do Minuto)

Cientificamente Comprovado - Verdade ou Mito?



Artigo de Valderi Pacheco dos Santos e Cleber Antônio Lindino, professores do curso de Química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Toledo. Artigo enviado ao JC Email pelos autores.


Há na mídia, em geral, um grande número de produtos e terapias alternativos que, com a roupagem de "comprovados cientificamente" e, fazendo uso indiscriminado de teorias ditas científicas, tentam convencer-nos de que apresentam eficácia em tratamentos medicinais. Mas será que podemos confiar de olhos fechados em tudo aquilo que se veste do manto e da credibilidade conquistada pela Ciência ao longo de cerca de quatro séculos, para tornar maior seu apelo comercial e, com isso, ganhar visibilidade e aumentar seus lucros?


Muitos produtos comerciais, em suas propagandas, abusam de termos médicos e prometem curar ou tratar uma série de males, mas nestas mesmas propagandas deixam claro que não são remédio, mas apenas "complemento alimentar". Isso não é uma afirmação bem intencionada de alguém que pretende fugir do rótulo negativo do termo "droga ou remédio", mas apenas uma ferramenta jurídica para poder ter sua comercialização liberada sem os rigorosos testes de comprovação de eficácia exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a agência reguladora dessa atividade no Brasil.


Algumas características dos anúncios ou formas de divulgação desses produtos são facilmente observadas: usam e abusam de teorias científicas, geralmente obscuras e de difícil compreensão, para conquistar credibilidade junto ao público alvo; não utilizam métodos experimentais rigorosos em suas investigações; afirmam ter alcançado resultados positivos, embora suas provas sejam altamente questionáveis e suas generalizações não tenham sido corroboradas por investigadores imparciais; prometem eficácia no tratamento de uma gama grande e aleatória de problemas de saúde; geralmente disfarçam-se de nomes diferentes para burlar a legislação; utilizam retórica e argumentos convincentes e representantes comerciais altamente treinados; muitas vezes, prometem ganhos financeiros absurdos a novos representantes e recorrem à técnica da "pirâmide", atualmente renomeada de "marketing de rede", em que, quanto mais associados a pessoa conquistar, maior será seu lucro; ignoram o efeito placebo, comum a qualquer pesquisa séria de estudo de eficácia de medicamentos de referência, em que, ao testar o medicamento em dois grupos de pacientes, um deles, o chamado grupo de controle, sem o seu conhecimento, recebe as doses do medicamento sem a presença do princípio ativo. Mesmo nesse grupo, haverá um número de pacientes que sentirá melhora nos sintomas, e isso tem de ser levado em consideração em uma pesquisa formal.




Não é objetivo deste artigo, rotular algumas terapias como fraudulentas ou enganosas, mas apenas dar a visão da Ciência sobre seus princípios e mecanismos de ação, para que as pessoas, leigas ou não, façam seu próprio julgamento.




Um exemplo é a Homeopatia, um termo bastante comercial e muitas vezes usado em produtos farmacêuticos que, a princípio, nada mais são que medicamentos fitoterápicos, pois utilizam concentrações, ainda que pequenas, muito maiores que aquelas ditas homeopáticas (não entraremos aqui no mérito dos critérios adotados para a liberação destes medicamentos para comercialização no Brasil).
Segundo a doutrina médica da homeopatia: "uma quantidade ínfima de um dado princípio ativo é capaz de apresentar os mesmos efeitos, ou até superiores, que aqueles observados com as quantidades utilizadas nos medicamentos de referência". Mas o que podemos entender como quantidade ínfima? Para exemplificar, vamos partir de uma concentração típica da homeopatia (uma parte do princípio ativo para cada 10.000.000.000.000.000.000.000.000.000 partes de água). Usando um pouco de conhecimento químico e matemático, sabemos que 18 mL de água (um mol) contém cerca de 600.000.000.000.000.000.000.000 moléculas de H2O. Então, são necessários 300.000 mL (ou 300 L) de água para termos a quantidade de moléculas de água suficientes na qual uma única molécula do princípio ativo estará dispersa. Neste contexto, as chances desta única molécula do princípio ativo estar presente em um frasco de 50 ou 100 mL do medicamento homeopático é muito pequena, e menor ainda é a chance desta molécula estar presente no volume correspondente a uma dose do medicamento.


Porém, segundo a própria homeopatia, "o medicamento homeopático não tem o princípio ativo, propriamente dito, mas, como provém de sucessivas diluições do medicamento concentrado, a água conserva a "memória" da presença do medicamento." Um fato que impulsionou a homeopatia, dando-lhe status de terapia medicinal com comprovação científica, foi um artigo famoso, porém controverso, publicado em uma das duas mais importantes revistas de divulgação científica no mundo (a Nature), no final da década de 1980. Naquele trabalho, os pesquisadores estudaram o potencial alergênico de uma determinada substância em culturas de células. Entretanto, as quantidades destas substâncias não eram muito maiores que aquelas utilizadas em homeopatia, ou seja, não passavam de uma molécula da substância alergênica por ensaio. Inicialmente, os resultados positivos eram espantosos e chegou-se a considerá-los como a descoberta do século.


Entretanto, pouco tempo depois, após sucessivas tentativas frustradas de outros grupos em reproduzir os resultados obtidos por aqueles pesquisadores, uma comissão nomeada pela própria revista Nature, liderada por James Randy (conhecido mundialmente pelo desafio que oferecia um prêmio de um milhão de dólares a quem conseguisse comprovar que possuía algum poder paranormal), foi incumbida de acompanhar os experimentos, só que agora sem qualquer intervenção ou parcialidade do grupo de pesquisadores, já que estes não sabiam de antemão quais soluções continham o princípio ativo e quais não continham. Infelizmente, ou felizmente, os resultados foram todos refutados e a revista teve de publicar uma nota de retratação, tomando o cuidado de não acusar os autores, mas alegando que havia ocorrido um grande equívoco. Hoje, a visão da Ciência é clara, a homeopatia trabalha com fenômenos indetectáveis (a memória da água), e portanto, impossíveis de serem comprovados ou refutados, bem como, os medicamentos homeopáticos apresentam eficácia que não supera aquela observada nos grupos de controle, tratados com placebo.


Outro tipo comum de terapia alternativa, muito presente em alguns produtos anunciados e vendidos nas portas das residências, são as propriedades eletromagnéticas. Quem nunca ouviu falar dos filtros de água com imantação e irradiação infravermelha, ou então os colchões com propriedades magnéticas? Segundo os anunciantes: "quando submetida a um campo magnético (ímãs), a água ganha uma nova organização molecular que facilita a absorção pelas células e, assim, elimina mais facilmente as toxinas do organismo"; ou então, no caso dos colchões: "o campo magnético ativa a corrente sanguínea e age como relaxante muscular"; ou ainda: "a ação do infravermelho sobre a água, dá a ela a capacidade de combater radicais livres e diminuir a acidez do organismo".


É fácil notar aqui a utilização exagerada de conceitos científicos de pouco domínio popular, bem como a atribuição de efeitos benéficos sem qualquer critério científico, como, por exemplo, associar campo magnético à organização molecular da água no estado líquido, sendo que esta apresenta uma estrutura molecular caótica que, mesmo que respondesse significativamente a um campo magnético, que teria de ser suficientemente intenso, como os utilizados em Ressonância Magnética Nuclear (RMN), ainda assim, esta organização não duraria sequer uma fração de segundo após o afastamento da água do campo magnético. Quanto à ação do campo magnético dos colchões sobre o sangue e os músculos, a alegada ação sobre o ferro, presente em quantidade significativa no sangue, não ocorre, uma vez que, na forma de íons dispersos no estado líquido, combinados com a hemoglobina, o ferro não responde a um campo magnético, bem como os músculos, apesar de responderem a impulsos elétricos, são inertes magneticamente.


Outra questão é atribuir propriedades fantásticas (como o controle da acidez) ao infravermelho, uma onda eletromagnética de baixa energia extremamente presente em nossa volta, tendo em vista que, todo corpo aquecido a emite abundantemente, e que tem como única ação sobre as moléculas de água, provocar movimentos vibracionais, que por sua vez, aumentam a energia cinética das moléculas, elevando levemente sua temperatura. Se for para esse fim, apenas aumentar a temperatura da água, as microondas de um forno seriam bem mais eficientes. Além disso, se o infravermelho tivesse poderes terapêuticos, certamente ninguém adoeceria, uma vez que somos fonte constante de emissão de infravermelho.


Mas o que falar da conhecida Terapia dos Cristais, que promete, entre outras coisas: "agir como amplificadora de energia, ajudando tanto a transmitir como absorver a energia positiva do exterior". O que diz a Ciência a respeito? Cristais em geral são óxidos ou sais metálicos ou não metálicos, mas podem ser também formados por elementos puros. Podem ser constituídos por ligações covalentes mais fortes, que os tornam mais resistentes e duros, ou por ligações iônicas ou de van der Waals mais fracas, que os tornam mais quebradiços e moles. Entretanto, os cristais óxidos ou salinos, justamente aqueles utilizados em terapias dos cristais, têm uma característica em comum, são péssimos condutores de eletricidade e não servem para induzir ou absorver qualquer outro tipo de energia do organismo humano que não seja a térmica (calor).


Por fim, o que a Ciência tem a dizer a respeito da Paranormalidade, que apesar de não ser uma terapia medicinal alternativa, tem espaço amplo de divulgação na mídia e apoia-se em fatos tidos como comprovações concretas de sua existência, alguns deles até relacionados a curas? A visão da Ciência a esse respeito é semelhante ao que concluiu o desafio de James Randy: depois de mais de uma década desafiando "paranormais" do mundo todo, nenhum dos muitos que tentaram, conseguiram obter sucesso. Na verdade, até hoje, nunca houve um ser humano sequer que conseguisse provar experimentalmente que apresenta poderes paranormais, sobrenaturais ou ocultos, provavelmente não por falta de interesse no prêmio ou na fama que conquistaria.


As conclusões da Ciência são que, independentemente se o poder paranormal envolve previsões do futuro, leitura de pensamentos, movimento de objetos com o poder da mente, levitações, contato com espíritos, cirurgias psíquicas, entre outros, ou não passam de truques reconhecidos facilmente por profissionais da área da mágica, ou carecem de interpretações mais críticas quando praticados por pessoas de boa fé, ou na pior das hipóteses, não passam de puro artifício para tomar dinheiro das pessoas, quando praticados por charlatães.


Sem dúvida há muita controvérsia envolvendo este tema e os outros abordados aqui neste texto. Vale ressaltar também que a Ciência não é a dona absoluta da verdade. Neste sentido, o principal objetivo desse artigo foi apenas orientar o leitor para que se torne crítico e não acredite em tudo o que prometem por aí, uma vez que há muito interesse comercial por trás de produtos e terapias alternativos, principalmente quando envolvem saúde.


JC e-mail 4501, de 21 de Maio de 2012.

Um vírus descoberto por brasileiros no combate ao câncer

Relação entre cientistas e jornalistas é debatida em seminário


18/04/2012
Por Karina Toledo
Divulgação científica ganha peso no meio acadêmico e relacionamento entre as duas classe profissionais se torna mais próximo,dizem especialistas em encontro realizado pela FAPESP.

Agência FAPESP – Com as ações de divulgação científica ganhando cada vez mais peso no meio acadêmico, a relação entre jornalistas e pesquisadores parece mudar para melhor. Mas é preciso ter em mente que cientistas eminentes não são autoridades em todos os assuntos.

           O alerta foi feito pelo biólogo Thomas Lewinsohn, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), durante sua participação no seminário Ciência na Mídia, realizado pela FAPESP no dia 16 de abril.
         “Antigamente os pesquisadores davam muito peso para publicação em revistas científicas, o que lhes garantia prestígio acadêmico e financiamento, e quase nenhuma atenção à divulgação científica, que servia apenas para aumentar a popularidade. Hoje estamos perto de um equilíbrio entre os dois ramos”, afirmou.
         Percebeu-se que além de popularidade, a exposição na mídia afetava também a influência e o poder de decisão no meio acadêmico, aumentando as chances de ter um projeto financiado e, consequentemente, elevando o prestígio acadêmico.
         Um exemplo claro do novo paradigma, segundo Lewinsohn, é a mudança no sistema de avaliação dos cursos de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Hoje se dá um peso maior à visibilidade do trabalho dos cientistas que compõem os quadros”, avaliou.
         Outro sinal é a transformação pela qual as mais importantes revistas científicas, entre elas Science e Nature, passaram nos últimos anos, ganhando novas seções com conteúdo noticioso e linguagem mais acessível.
        “Está se tornando impossível para o cientista ignorar a mídia. Muitos hoje cortejam os jornalistas e isso dá margem a distorções. Existe uma ideia de que o cientista terá sempre uma opinião racional e bem embasada sobre tudo e isso não é verdade”, afirmou o biólogo.
         Por esse motivo, recomendou, os jornalistas devem resistir ao impulso de, na correria das redações, recorrer sempre àquela fonte que tem respostas para todos os temas. “Alguns têm uma agenda pessoal, que nem sempre tem a ver com a ciência.”
         Durante sua apresentação, o médico Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, reclamou do fato de que a maioria dos jornalistas que o procura querer falar de temas que não têm relação com sua área de estudo: os efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde.
         Outro problema abordado por ele foi o pouco tempo dispensado aos temas e o risco da superficialidade. “Você fala durante meia hora e aparece apenas dez segundos. Esse é o maior pavor dos cientistas”, acrescentou Saldiva.
         Para o biólogo Fernando Reinach, que se tornou conhecido após participar do Projeto Genoma , financiado pela FAPESP, e hoje mantém uma coluna de divulgação científica no jornal O Estado de S. Paulo, o grande problema do jornalismo científico é “contar o milagre e não contar o santo”.
        “Dá-se muita ênfase à descoberta e não se explora bem os métodos usados. Isso dificulta avaliar se o que está sendo dito é verdade”, opinou.
          Reinach contou que após deixar a vida acadêmica manteve o hábito de ler artigos científicos e idealizou a coluna no jornal por considerar que havia muitos temas interessantes escondidos atrás de títulos obscuros. “Tenho o cientista como personagem. Tento dar uma dimensão humana à pesquisa”, revelou.
        Já o editor de Ciência do jornal Folha de S. Paulo, Reinaldo José Lopes, falou sobre o encolhimento do espaço nos jornais para as notícias em geral e para ciência em particular. “Como empacotar a notícia, a metodologia e o lado humano em meia página? A gente sente uma impaciência do leitor que é assustadora e isso acaba conduzindo à superficialidade”, disse.
        O encontro ainda teve a participação de Roberto Wertman, editor do programa Espaço Aberto Ciência & Tecnologia da Globonews, que comentou as limitações da cobertura científica na TV, extremamente dependente da existência de imagens. E de Sonia López, ex-editora do AlphaGalileu, um dos maiores portais de notícias acadêmicas.
        A abertura ficou por conta de Clive Cookson, editor de Ciência do jornal Financial Times, que listou os três principais problemas que, em sua opinião, afetam a qualidade do jornalismo científico.
        Em primeiro lugar, Cookson mencionou a tendência de abordar os resultados de pesquisas de forma exagerada e sensacionalista. “O repórter precisa convencer seu editor de que vale a pena publicar aqueles dados e a verdade científica às vezes acaba em segunda plano. E quando o subeditor escreve a manchete a notícia fica ainda mais exagerada”, comentou.
       Outro problema é a tendência de abordar os dados de forma negativista, o que pode causar distorções. “A ideia é que notícia ruim vende mais”, disse.
        Por último Cookson mencionou a divulgação de notícias não objetivas, permeadas de interesses políticos. “Cientistas devem se ater à ciência. Mas mesmo em situações controversas devem aproveitar para passar sua mensagem. Se deixarem um vazio, fontes com motivações políticas podem se aproveitar.”

Cresce valorização da divulgação científica



17/04/2012
Por Fábio de Castro
Para Clive Cookson, editor de Ciência do Financial Times, qualidade da cobertura de temas científicos melhorou quando pesquisadores adquiriram consciência de que é importante trabalhar em parceria com jornalistas para divulgar seus trabalhos.
Agência FAPESP – Editor de Ciência do Financial Times há duas décadas, o jornalista britânico Clive Cookson acredita que os temas científicos têm se tornado mais familiares e mais valorizados para o público, graças a uma cobertura jornalística que se revela pouco a pouco mais profunda e mais precisa que no passado.
Essa transformação, de acordo com Cookson, deve-se em parte às novas tecnologias que facilitaram o trabalho do jornalista nos últimos anos. Mas, segundo ele, a principal razão para que o noticiário de ciência ganhasse mais qualidade está em uma mudança de atitude dos próprios cientistas, que perceberam a importância da comunicação.
Cookson, que atua há mais de 30 anos na cobertura dos temas de ciência e tecnologia, em diversos países e diferentes veículos e contextos, participou nesta segunda-feira (16/4) do seminário “Ciência na Mídia”, promovido pela FAPESP na sede da Fundação, em São Paulo.
O evento teve o objetivo de estimular a reflexão, por parte de todos os envolvidos na produção e divulgação científicas, sobre as maneiras de propiciar um espaço para a troca de conhecimentos e a proposição de novos modos de pensar a divulgação desses temas na sociedade. Em entrevista exclusiva à Agência FAPESP, Cookson comentou esses temas.

Agência FAPESP – Como tem evoluído a cobertura jornalística sobre ciência, considerando os seus 30 anos de experiência na área?
Clive Cookson– Apesar de existirem muitos blogs e sites de ciência, as pessoas continuam obtendo a maior parte de suas informações sobre o que está acontecendo no mundo científico por meio da mídia tradicional: jornais impressos, revistas, TV e rádio. Assim, o cientista se comunica com o público por meio desses veículos não especializados em ciência. Essa não é uma relação trivial. Mas sou muito otimista, porque, olhando com essa perspectiva de 30 anos, percebo que os cientistas estão se tornando muito melhores na tarefa de se comunicar com a mídia.

Agência FAPESP – O que mudou nessa relação, da perspectiva dos cientistas?
Clive Cookson– Eles estão se tornando muito mais proativos, mais abertos. Perderam o medo do contato com os repórteres. É uma mudança muito grande se você olha em uma perspectiva de longo tempo. E acredito que se trata de algo até certo ponto generalizado. Aqui no Brasil percebi que os cientistas são muito abertos.

Agência FAPESP – Qual pode ter sido a razão para essa transformação?
Clive Cookson– Os cientistas perceberam – certamente nos Estados Unidos e Europa, mas acho que no Brasil também – que é mais provável conseguir investimentos públicos e auxílios para fazer suas pesquisas na medida em que eles se tornam bons comunicadores. Na Grã-Bretanha os conselhos de pesquisa incluem explicitamente a comunicação dos resultados científicos como um dos critérios importantes para conseguir investimentos. De modo geral, podemos dizer que você tem mais facilidade para conseguir o investimento se você estiver preparado para comunicar. Isso é verdade para os pesquisadores, de forma individual, mas também em uma perspectiva mais geral: os pesquisadores sabem que a ciência como um todo terá mais apoio público se os cientistas gastarem um pouco de tempo e esforço para falar com jornalistas.

Agência FAPESP – Além dessas mudanças do lado da comunidade científica, houve também evolução do lado da produção da notícia? A qualidade do jornalismo melhorou?
Clive Cookson– Houve melhora, mas nada que justificasse um aumento muito grande da confiança dos pesquisadores nos jornalistas. A qualidade do jornalismo melhorou, mas não acho que isso tenha acontecido porque os jornalistas se tornaram melhores. O que ocorreu é que ficou muito mais fácil escrever uma matéria sobre ciência, agora que podemos ter acesso a artigos científicos na internet, podemos obter comentários por e-mail e coisas assim. Quando eu comecei no ofício, se quiséssemos ter acesso a um artigo era preciso ir às bibliotecas e para um simples comentários era preciso ter muita sorte e localizar os pesquisadores por telefone na hora certa.

Agência FAPESP – No Brasil os jornalistas de ciência, com frequência, têm formação em jornalismo, mas não uma formação científica. Qual é a característica dos divulgadores na Inglaterra?
Clive Cookson– Na Inglaterra há uma mistura. A maior parte dos jornalistas de ciência tem uma formação em ciência. Eu, por exemplo, sou formado em química. Mas há outros ótimos jornalistas de ciência que têm seu background em artes ou humanidades e depois começaram a trabalhar com ciência e foram excepcionalmente atraídos pela área. Acho que há prós e contras em ambos os casos.

Agência FAPESP – Em uma situação hipotética: se o senhor tivesse que contratar um repórter, iria preferir um indivíduo com uma formação científica, que escreve bem, mas não tem nenhuma experiência prévia em jornalismo, ou alguém que é um jornalista capaz e talentoso, mas sem qualquer envolvimento com ciência, nem experiência em jornalismo científico?
Clive Cookson– Se eu estivesse contatando essa pessoa para um trabalho de reportagem de ciências em um jornal, por exemplo, não hesitaria: escolheria o jornalista que tem experiência em reportagem, em vez de escolher o cientista. Acho que a capacidade para ser um bom jornalista é de fato o mais importante. Não adianta ser um bom cientista que escreve corretamente. Porque a ciência realmente requer um texto diferente, vívido. Prefiro um excelente jornalista que um excelente cientista para fazer isso.

Agência FAPESP – A percepção do público em relação à importância da ciência também tem mudado?
Clive Cookson– Minha impressão é que o conhecimento sobre ciência em meio ao público geral melhorou sim. Ainda não é o suficiente, mas acho que, em geral, a população ficou mais alfabetizada em ciência que há alguns anos atrás. Muita gente passou a entender melhor as bases da ciência. As pessoas têm mais intimidade com temas e termos centrais no mundo científico. Até certo ponto a internet contribuiu com isso, mas não sei se há grande potencial para melhorar muito mais, porque na rede também temos muito ruído e desinformação.

Agência FAPESP – Os jornalistas procuram fazer a ciência mais atraente para o público. Ao mesmo tempo, tendem a mostrar exclusivamente os resultados de sucesso, deixando em segundo plano o processo de produção da ciência. Com isso não se corre o risco de mistificar a ciência junto ao público?
Clive Cookson– Tem toda razão, esse é um problema absolutamente fundamental na relação entre jornalismo e ciência. No noticiário não há tempo nem espaço para descrever todos os passos da produção da ciência, mostrando ao público que não se trata de mágica, mas de um processo difícil, pontuado de dificuldades e fracassos momentâneos. O que deixa essa situação pior é que mesmo que você privilegie as pesquisas de qualidade, publicadas em revistas de prestígio, os artigos científicos também não lhe darão pistas sobre o processo de como a ciência funciona. Você só conseguiria dar ao público uma educação científica se fosse possível acompanhar o trabalho por meses a fio no laboratório. Geralmente isso é impossível.

Agência FAPESP – Além disso os insucessos raramente são publicados, não é?
Clive Cookson– Sim, essa é outra questão. A publicação, em particular na área de saúde, normalmente descreve apenas os resultados positivos. Os resultados negativos quase nunca têm espaço em publicações. É preciso estar atento a isso para não dar uma falsa impressão de que a ciência é feita só de acertos.

Agência FAPESP – Quando se noticia os resultados de um novo estudo, pode ser difícil repercutir a notícia com outros cientistas, porque muitas vezes eles alegam que ainda não tiveram contato com o artigo. Como o senhor lida com essa situação?
Clive Cookson– É uma situação extremamente difícil. Em primeiro lugar porque os cientistas normalmente não indicam seus competidores que trabalham na mesma área e que poderiam contribuir com um comentário. Além disso, geralmente é difícil conseguir um comentário sobre um artigo que acaba de sair e que não foi lido por quase ninguém. Na Inglaterra temos uma organização é muito útil, nesse sentido, para os jornalistas da área de saúde: o Science Media Centre.

Agência FAPESP – Como funciona?
Clive Cookson– É um serviço que foi criado há exatos 10 anos e reúne cientistas que atuam como se fosse assessores de imprensa. Eles pegam qualquer estudo e avaliam se é controverso, ou interessante o suficiente para render uma manchete. Então usamos seus contatos, que fazem comentários com grande qualidade. Acho que o SMC fez mais que qualquer outra instituição para melhorar a cobertura jornalística de ciência na Inglaterra. Eles têm excelentes bases de dados e uma incrível lista de contatos especializados. É muito eficiente.

Agência FAPESP – Muita gente vê os repórteres de ciência como tradutores de uma linguagem especializada para a linguagem do senso comum. O que o senhor acha dessa noção?
Clive Cookson– Parte do que fazemos pode ser visto como uma espécie de tradução, mas espero que nosso trabalho seja algo mais criativo e complexo que isso. Acho que os jornalistas são capazes de colocar novas maneiras de se olhar para a ciência que os próprios cientistas não poderiam proporcionar. É algo mais que simplesmente traduzir. Podemos gerar imagens, comparações, que os cientistas não conceberiam. Não se trata apenas de questão de simplificar uma linguagem, mas de fornecer uma interpretação nova de ideias, contextos e visões. E, mesmo no campo da linguagem, acho que esse trabalho extrapola a simples tradução: devemos ser autores capazes de tornar o conhecimento mais vívido, mais interessante para o público.

Agência FAPESP – Como foi sua trajetória? Por que se interessou por ciência?
Clive Cookson– Sempre me interessei por ciência e me formei em Química em Oxford. Mas dois fatos mudaram minha trajetória. Um deles é que notei que o jornalismo científico na Inglaterra não era bom. Ao mesmo tempo, percebi que eu não seria brilhante o suficiente para fazer um bom doutorado em química. Eu sabia que se não fosse tão brilhante, um doutorado em química poderia se transformar em algo não muito criativo, uma espécie de trabalho braçal para um orientador. Eu sabia que não era na verdade bom o suficiente para me tornar um grande cientista. Mas percebi que poderia escrever bem sobre ciência.

Agência FAPESP – E como começou de fato a atuar como jornalista?
Clive Cookson– Fui aceito em um programa de treinamento de um jornal local, em Londres. Depois de dois anos, tive a oportunidade de ir para Washington, nos Estados Unidos, por quatro anos, para trabalhar no suplemento de Educação Superior do Times. Foi uma experiência fantástica, eu escrevia sobre as universidades e institutos de pesquisa norte-americanos. Depois voltei para Londres para me tornar repórter de tecnologia do Times. Comecei, na década de 1980, a trabalhar na rádio BBC, como correspondente da área da saúde. E de lá fui para o Financial Times, onde tenho atuado como editor de ciência nos últimos 20 anos.

Laboratório-mundo


         A reportagem do Ciência Hoje On-line conversou com professora recém-premiada pela ‘Science’ por projeto que usa a pesquisa ao ar livre no ensino de biologia. Revista vem dando espaço para iniciativas que propõem novas formas de apresentação do conteúdo aos alunos.

Por: Thiago Camelo

Publicado em 05/04/2012 | Atualizado em 05/04/2012

A bióloga Nitya Jacob na 'Arabia Mountain': proposta de estudar com os alunos o ecossistema local ganhou prêmio da 'Science'. (foto: Kay Hinton)

           O último editorial da Science perguntou: por que tantos alunos abandonam a graduação em cursos de ciências exatas ou naturais nos primeiros dois anos de estudo?
           As aulas introdutórias, que deveriam prender o aluno e abrir as possibilidades do universo científico, são pouco inspiradoras.
           Uma das respostas a que a revista chegou foi: as aulas introdutórias, que deveriam prender o aluno e abrir as possibilidades do universo científico, são pouco inspiradoras.
           A mesma revista, com o espírito de incentivar novas práticas de introdução científica, passou a premiar iniciativas que propõem novas formas de se apresentar a matéria para os alunos recém-ingressos. O laureado publica no periódico, um dos mais prestigiosos do mundo, um artigo em que explica seu projeto.
           O Alô, Professor conversou com a última educadora premiada pela revista – a bióloga indiana Nitya Jacob, professora do curso de Biologia da Faculdade de Oxford, na Geórgia, Estados Unidos.
Jacob desenvolveu com estudantes dos dois primeiros anos de curso um estudo completo do comportamento microbiológico da Arabia Mountain, uma cadeia de rochas com grande diversidade vegetal na própria Geórgia. Por que a montanha? Porque o lugar fica relativamente próximo à faculdade, e porque, para Jacob, ali poderia ser um laboratório a céu aberto.
         Mais do que isso, segundo a professora, “pouco se sabe sobre a ecologia microbiana nesse ecossistema”. Seria a oportunidade de, no final do curso, ter em mãos um material original.
Curiosamente, a iniciativa anterior premiada pela Science – serão 15 educadores no decorrer do ano – também privilegiou a pesquisa ao ar livre: uma empreitada de professores da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, que propôs um curso introdutório para estudar, no próprio campus da instituição, a mudança das folhas das árvores no decorrer das estações do ano.
          Ambas as iniciativas, tanto a de Jacob quanto a dos educadores de Michigan, também se preocupam em preservar todo o processo de pesquisa científica, com incursões ao laboratório, busca dos alunos pelo melhor método, discussão do projeto e, por fim, produção de um artigo.
         A seguir, leia a entrevista com a bióloga Nitya Jacob.

Ciência Hoje On-line: Como surgiu a ideia do projeto?

Nitya Jacob
: Estava muito interessada na incorporação de técnicas de pesquisa em aulas introdutórias. Li sobre um projeto realizado na Universidade do Arizona do Norte sobre a exploração de microrganismos em ambientes extremos. A ideia de usar a Arabia Mountain veio em função do conhecimento que tenho desse ecossistema. Também me inspirei no trabalho da minha colega, a [bióloga e professora] Eloise Carter, cuja pesquisa envolveu as plantas e os ecossistema da Arabia Moutain.
A Science vem premiando projetos que usam a natureza como laboratório a céu aberto. Qual seria a importância de ‘olhar ao redor’ e entender a potencialidade do ambiente próximo ao centro de ensino?
Acho fundamental para a educação levar os alunos para fora da sala. Os estudantes são pouco conscientes do ambiente que os cerca, e talvez não olhem para fora a não ser que seja apontada uma direção. Se quisermos que a natureza seja preservada para as futuras gerações, é importante fazer com que os estudantes tomem consciência dela o quanto antes.
Minha área de especialização é a biologia molecular, que envolve principalmente trabalhos dentro do laboratório. Portanto, ser capaz de combinar isso com uma experiência de campo no meio da natureza é uma ferramenta valiosa.
Montanha
O ecossistema da ‘Arabia Mountain’, com toda a sua diversidade vegetal, foi o ‘laboratório’ escolhido pela bióloga para que os alunos tivessem o primeiro contato com a ‘ciência de verdade’. (foto: Science/AAAS)



E é realmente benéfico para os alunos ter contato com métodos de pesquisa científica logo nos primeiros anos da faculdade?

Acho que isso é absolutamente fundamental para os alunos. É como a ciência é feita! Se o aluno não tem a chance de experimentar isso logo, ele não estará em contato com uma visão mais completa do mundo científico. Mesmo com recursos limitados, é possível expor os estudantes à pesquisa de diversas maneiras.

Como?
Uma maneira é envolver os alunos em leituras científicas para demonstrar como os ‘fatos’ do livro são, na verdade, originários de pesquisas. Até mesmo pequenos projetos em laboratório são importantes para que os alunos percebam que, quando os cientistas começam um projeto de pesquisa, o resultado do projeto é imprevisível.
Digo isso porque, muitas vezes, os alunos acreditam que sempre há uma resposta correta – e a ciência não é sobre haver uma resposta certa. A ciência é sobre descobrir o desconhecido. Os alunos devem começar a experimentar isso logo no início de sua trajetória universitária.

No artigo, você fala da importância de o aluno lidar com a “frustração de não alcançar o resultado desejado”.
A frustração de que falo não tem a ver com fracasso. De fato os alunos tendem a associar a frustração ao fracasso. Estou tentando ajudá-los a ver que eles não falharam. Eles também precisam saber que não chegar a uma resposta correta pode levar a uma nova descoberta. A pesquisa científica não é um mar de rosas. Os obstáculos são elementos esperados.

Você acharia possível introduzir uma experiência análoga com alunos do ensino médio?Descobri que expor estudantes a esse tipo de pensamento independente e de investigação não é um trabalho que deve ser feito uma única vez. Os melhores resultados vêm lentamente. Estar exposto várias vezes a esse tipo de pesquisa é o que realmente ajuda a informação a se consolidar.
Então a resposta é sim, acho que experiências semelhantes podem ser aplicadas nas escolas, expondo os alunos aos poucos ao método científico e consolidando o conhecimento.

Qual foi o impacto que o prêmio da Science teve na sua carreira e no projeto?
Por ser uma revista internacional e com grande impacto, os professores de todo o mundo têm a chance de implementar o exercício em seus cursos. A divulgação serve de inspiração, inclusive, para esses professores chegarem a novas ideias e, quem sabe, modificarem o exercício.
No caso do meu trabalho, sinto que vai ajudar no convencimento de que os alunos do primeiro e segundo anos são capazes de realizar pesquisas. O que eles precisam é da paciência do professor, precisam ser orientados de forma eficaz. O prêmio também ajuda na criação de uma cultura de fazer perguntas não apenas dentro do laboratório, mas também fora dele.

Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line