terça-feira, 22 de janeiro de 2013

NASA envia Mona Lisa para Lua para testar comunicação a laser

NASA envia Mona Lisa para Lua para testar comunicação a laser
Comunicação a laser
A NASA fez a primeira demonstração prática de comunicação a laser com a Lua.
Para isso, um laser localizado no Centro Espacial Goddard transmitiu uma imagem do quadro Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, para a sonda espacial LRO, que está orbitando a Lua desde 2009.
A sonda LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) ficou conhecida por fazer asprimeiras fotos dos locais de pouso dos astronautas da Lua, mas foi ela também que traçou o mapa mais preciso já feito do nosso satélite.


Cumpridas as etapas científicas principais da missão, os controladores puderam começar a testar outros equipamentos de demonstração tecnológica que a sonda levava a bordo.
O principal deles é um sistema móvel de laser que permite a troca de dados com a Terra.
Mona Laser
A imagem digitalizada da Mona Lisa teve seus bits transmitidos em pulsos de laser, em uma espécie de código Morse espacial.
A imagem foi convertida em uma matriz de 152 por 200 pixels. Cada pixel foi convertido em tons de cinza, representados por um número entre zero e 4.095.
Cada pixel foi transmitido por um pulso de laser, cada pulso sendo disparado em um de 4.096 intervalos de tempo possíveis, durante uma janela de tempo determinada.
Os erros de transmissão, gerados por flutuações no sinal induzidos pela atmosfera terrestre, foram corrigidos com os mesmos algoritmos usados pelos aparelhos de CD e DVD.
"Esta é a primeira vez que se consegue realizar uma comunicação a laser unidirecional a distâncias planetárias," disse David Smith, do MIT, responsável pelo equipamento a bordo da sonda, chamado LOLA (Lunar Orbiter Laser Altimeter).
NASA envia Mona Lisa para Lua para testar comunicação a laser
Os erros de transmissão, gerados por flutuações no sinal induzidos pela atmosfera terrestre, foram corrigidos com os mesmos algoritmos usados pelos aparelhos de CD e DVD. [Imagem: Xiaoli Sun/NASA Goddard]
Comunicação espacial de alta velocidade
O projeto LCRD (Laser Communications Relay Demonstration) também pretende lançar as bases para o estabelecimento de uma "presença virtual" no espaço, em outro planeta ou em um outro corpo do Sistema Solar, inicialmente para o controle de robôs espaciais.
"No futuro próximo esse tipo simples de comunicação a laser poderá servir como backup para a comunicação por rádio que os satélites usam. No futuro mais distante, ele poderá permitir a comunicação a velocidades mais altas do que os links de rádio atuais podem oferecer," explicou Smith.
Para comparação, a sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) leva 90 minutos para transmitir uma única foto de Marte em alta resolução. Com um sistema a laser, com capacidade de 500 Mbps, essa mesma foto chegaria à Terra em cerca de 1 minuto.
A imagem completa da Mona Lisa, usando o sistema experimental, foi transmitida a uma taxa de dados de cerca de 300 bits por segundo.
O próximo teste de comunicação a laser no espaço será feito com a sonda espacial LADEE (Lunar Atmosphere and Dust Environment Explorer), que deverá ser lançada até o final deste ano, levando a bordo um sistema capaz de trocar dados em alta velocidade, a até 622 Mbps.
Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=nasa-envia-mona-lisa-lua-testar-comunicacao-laser&id=010130130120

Entrevista: físico demonstra ser possível aliar o sucesso acadêmico à divulgação científica

A mais recente entrevista do blog Dissertação Sobre Divulgação Científica apresenta um físico, ou melhor, um físico-comunicador, um profissional articulado, receptivo aos divulgadores e proativo na divulgação científica. Astrônomo do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Martin Makler, 38 anos, cresceu apaixonado pela ciência e aprendeu desde menino a exteriorizar o que aprendia, habilidade que até hoje está presente em sua carreira.

Filho de pai físico e mãe matemática, Martin é natural de Buenos Aires, Argentina, cresceu em Niterói-RJ e também morou um tempo na Bélgica, onde aprendeu a "brincar" com a astronomia. O retorno ao Brasil veio acompanhado de uma vontade de divulgar aquele prazer, que quase foi comprometido pela má qualidade de um professor durante o ensino médio (aí está um exemplo da prioridade de mais do que valorizar e educação, inclusive os professores).

Ele graduou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1996, e concluiu o doutorado cinco anos depois no CBPF, cuja tese lhe rendeu uma menção honrosa pela Sociedade Brasileira de Física (SBF). O pós-doutorado, também pela UFRJ, foi obtido em 2003.

Uma das principais atividades de pesquisa dele é o projeto o Dark Energy Survey, consórcio internacional que visa estudar e compreender algumas das principais questões históricas da humanidade em relação ao Universo, tais como: de onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos? E (principalmente) do que é composto o Universo?

Confira a entrevista:

Como surgiu o seu interesse pela ciência e pela divulgação científica?
O que me despertou foi a série de televisão Cosmos, do astrônomo e divulgador Carl Sagan, durante a minha infância. Eu gostava de ciências em geral, mas principalmente de astronomia, mesmo sem saber que o campo tinha esse nome e era tão bem organizado, definido. Essa afinidade cresceu após eu passar algum tempo em Liège, na Bélgica, onde os meus pais foram fazer pós-doutorado. Lá, com cerca de 13 anos, tive a oportunidade de participar de palestras, acampamentos, comprar um telescópio, tirar fotos de astros e ingressar em um clube da área. Quando eu voltei ao Brasil, tinha a ideia de criar um clube de astronomia em Niterói, mas a minha visão era a de uma associação mais restrita. Marcelo Souza, então professor do ensino médio e aluno da Universidade Federal Fluminense (UFF), ficou sabendo da proposta e me procurou, só que com a intenção de atingir uma audiência mais ampla. Tudo isso foi determinante para amadurecer os meus gostos e objetivos de vida e carreira, apesar de no ensino médio eu ter sido aluno de um professor de física muito ruim, que chegou a tirar a minha motivação pelo campo. Lembro que na época do vestibular, fiz testes vocacionais que me apontaram para todos os lados: medicina, direito, engenharia, química... mas acabei optando por física, exatamente pela possibilidade de ser astrônomo. Mesmo durante a graduação busquei ser ativo nas atividades de divulgação.


Você já comentou que realiza muito menos divulgação científica do que gostaria. O que o inibe?
A grande questão é que há uma certa competição entre as atividades de pesquisa e da divulgação. Neste momento da carreira, o meu tempo está bastante cosumido pelos projetos científicos e atenção aos meus orientandos. O nascimento do meu filho também fez com que eu reduzisse o tempo destinado à DCT.


Qual é a sua motivação pela DCT?
Há o prazer pessoal de estimular o gosto pelo conhecimento e comunicar o que eu faço, de incentivar outras pessoas, assim como eu fui pela série Cosmos. Porém, o interesse maior é o social, que herdei daquele professor com quem eu promovia o clube de astronomia em Niterói. Eu gosto muito de levar a ciência para os espaços mais diferentes e inusitados, fora dos centros tradicionais, onde as ações serão motivo de surpresa.

Você identifica essa mesma motivação entre os seus colegas acadêmicos?
Bom, o cenário melhorou bastante ao longo do tempo. Lembro que na minha graduação os poucos grupos dedicados à divulgação eram até mesmo desprezados, havia uma resistência bem maior do que hoje em dia. Nos últimos anos, o governo tem ampliado as medidas em benefício do campo, como a criação do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia, a implementação de um espaço específico para a divulgação no currículo Lattes, a multiplicação de eventos organizados por instituições públicas, entre outras. Porém, de forma geral os meus pares se interessam pouco por essa atividade. Além da falta de consciência ou de interesse e do medo de comunicar para uma audiência mais ampla, acho que falta um canal confiável, um estímulo determinante capaz de fazer com que o cientista enxergue a possibilidade de divulgar o seu trabalho de forma profissional e séria. Talvez haja a vontade latente, mas o pesquisador não quer perder tempo para preparar uma palestra, por exemplo, mas sim já realizá-la. Um gancho bem interessante seria a valorização institucional, no sentido da missão do cargo ser, inclusive, a divulgação. Hoje, no entanto, somos avaliados no fundo pela pesquisa em si. Outra situação curiosa é que o pesquisador, quando convidado para proferir uma palestra na escola do filho, tende a aceitar. Então, se as próprias escolas se dirigissem com mais frequência ao CBPF, a disponibilidade acadêmica poderia ser maior.

Qual é o seu público da divulgação?
Como eu faço divulgação em lugares bastante diversos, percebo que a audiência é ampla e com características bem variadas, mas sempre procuro uma identificação e a adequação da linguagem. Para se ter uma ideia, no fim da década de 1990, eu participei de uma dinâmica de popularização no presídio Edgar Costa, em Niterói, onde o nível cultural das pessoas era bem abaixo de outros ambientes. Já o público das ações da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência ou da Casa da Ciência, das quais eu participo, por exemplo, possui um grau educacional mais elevado, está mais a par dos assuntos e a qualidade das perguntas costumam ser melhores. Isso mostra que a minha divulgação é destinada a segmentos diversos e heterogêneos. É difícil definir rigidamente.

Qual é o seu procedimento quando pretende realizar uma divulgação, faz por si ou procura alguma assessoria de comunicação?
Depende bastante. Em geral, são iniciativas pessoais, muitas motivadas por convites de escolas, comitês, clubes e associações. Cotidianamente, o contato é muito mais comigo do que com o próprio CBPF. Por outro lado, em ações coordenadas e institucionais, como na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a divulgação é via CBPF, que é solicitado pelo Ministério da C&T para integrar o movimento.


E como é o seu relacionamento com os jornalistas? Você tem receio deles?
Receio eu não tenho e gosto de recebê-los para dar as informações solicitadas. Acho importante essa interação. Porém, eu já acompanhei situações grotescas ocorrerem por falta de precisão e entendimento. Lembro que uma equipe de reportagem de um importante jornal de Niterói foi comigo em um parque da cidade cobrir a passagem do cometa Hale-Bopp. Eu havia explicado que além do astro luminoso, havia, por coincidência, uma aproximação visível entre os planetas Mercúrio e Vênus, fato curioso, sem relação direta com o cometa. No dia seguinte, o veículo noticiou que a causa do sobrevoo do Hale-Bopp visível em Niterói foi a junção entre os dois planetas, informação transmitida com a legitimidade da minha fala entre aspas. Por isso, eu sempre peço o envio do material antes da publicação, procedimento que deveria ser padrão. A mídia mais genérica não costuma atender ao pedido, até mesmo pela velocidade da produção e publicação do jornalismo, que exige do repórter habilidade para levantar dados em curto espaço de tempo. Já a imprensa mais especializada, como a revista Ciência Hoje, sempre retorna o texto.

Quais são as habilidades que o cientista precisa adquirir para facilitar a interação com o divulgador?
Antes de qualquer coisa, é importante ser didático, saber apresentar o conteúdo de forma mais suave, com menos fórmulas, utilizando ilustrações e analogias, por exemplo. Mais do que uma habilidade inerente, um dom natural, é importante desenvolver essa capacidade de externar o trabalho realizado. A didática se consegue praticando. A questão é que no Brasil a formação do pesquisador carece desse tipo de treinamento. Por muitos anos, o pesquisador-divulgador foi visto com desconfiança pelos pares. Aqui, a ideia de testes e provas está muito enraizada no sistema educativo e de C&T, já em outros países a cobrança é para apresentações e exposições, como palestras e seminários. Isso inibe muitos de nós a querer popularizar e dialogar com a sociedade. As poucas pessoas ativas nesse campo acabam sobrecarregadas, pois são as mais procuradas para atender à imprensa e outras solicitações de divulgação.

Há algum patamar que deva orientar os objetivos da DCT nacional?
Embora eu não disponha de muitos dados e informações mais precisas, observo que os Estados Unidos são desenvolvidos nessa questão. Lá, a visão social da ciência é mais otimista e progressista. Um cidadão comum admira o cientista como alguém inteligente e importante. Já no Brasil, embora também haja admiração, as pessoas associam a pesquisa a dificuldades, à falta de recursos e até mesmo à futilidade, como alguém cujos trabalhos não são tão determinantes para o desenvolvimento humano e da nação. O nosso esforço deveria ser para mudar esse estereótipo, demonstrando que é possível fazer ciência importante e de qualidade.

Há algum projeto de DCT que você pretenda realizar, mas que até o momento tenha faltado tempo?
Nada em mente, por enquanto. Quando eu posso, faço o que tenho feito nos últimos tempos, que é apresentar as minhas pesquisas em andamento.

Nota da redação: O blog disponibiliza a entrevista também em áudio. Clique aqui para ouvir.

(Com informações de Bruno Lara)

17º Prêmio Jovem Talento em Ciência da Vida


SBBqEstão abertas, até o dia 3 de fevereiro, as inscrições para o 17º. Prêmio Jovem Talento
em Ciência da Vida, promovido pela Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e a GE Healthcare Life Sciences. Podem participar alunos de iniciação científica e pós-graduação (mestrado e doutorado) que realizarem suas teses nos países da América Latina, e doutores com tese concluída após 30 de janeiro de 2012.

Os prêmios são US$ 1.500, passagem aérea para participar de um congresso internacional de escolha do candidato e a apresentação do trabalho durante a 42ª. Reunião Anual da SBBq. O comitê encarregado da seleção será composto por membros destacados da comunidade científica, indicados pela diretoria da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular.

O comitê analisará todos os inscritos e selecionará até cinco candidatos para apresentarem seus trabalhos na 42ª Reunião Anual, que serão avaliados durante o simpósio. Mais informações em:http://www.sbbq.org.br/2012/12/17o-premio-jovem-talento-em-ciencias-da-vida-2013/

(Site da SBBq)

Ciência para o desenvolvimento - artigo de Marco Antonio Raupp na Folha de São Paulo

Marco Antônio Raupp assumirá Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Para alcançar seus objetivos de desenvolvimento sustentado e competitividade econômica global, o Brasil não pode abrir mão das contribuições do conhecimento científico e tecnológico. Diante dessa realidade inexorável, estamos preparando o sistema de ciência e tecnologia (C&T) do país, para que responda rapidamente ao desafio.

Precisamos nos valer dos exemplos em que mostramos competência ao aliar C&T com produção econômica. Para se tornar líder mundial na identificação e prospecção de petróleo em águas superprofundas, a Petrobras se vale de seu centro de pesquisas e de dezenas de universidades brasileiras.

O êxito da Embraer está ligado às contribuições do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA). Já os altos índices de produtividade da nossa agropecuária têm origem na Embrapa e nas faculdades de ciências agrárias e veterinárias. As pesquisas que realizamos possibilitaram o surgimento de uma agricultura tipicamente tropical.

Trabalhamos agora para estender esses modelos exitosos aos setores industrial e de serviços de modo amplo, para termos a inovação tecnológica como atividade central da nossa economia. Para isso, contamos com políticas públicas recentes e com a sólida base científica nacional.

Entre as políticas públicas, destacam-se o Plano Brasil Maior (PBM), que expressa a política industrial do governo Dilma Rousseff, e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), definida no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Já a nossa base científica apresenta virtudes importantes, como um amplo sistema de formação de doutores, atuação em um número significativo de áreas e uma produção de conhecimento considerável.

Mas, se já alcançamos a 13ª posição no ranking mundial de produção científica, ultrapassando países de maior tradição na área, como Rússia e Holanda, nos rankings de inovação ainda ocupamos posições periféricas. É para melhorar --e muito-- nossa capacidade inovativa que o MCTI vem adotando uma série de providências.

Uma delas é estimular o desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente em setores estratégicos como petróleo e gás, energias renováveis, aeroespacial, TI e defesa, e em áreas como nanotecnologia e biotecnologia.

Outra providência é dotar a base científica de estruturas que sirvam para atender as necessidades tanto da academia como da indústria. A construção de novos laboratórios, o alinhamento dos institutos de pesquisa do MCTI às políticas federais e a constituição da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial --Embrapii (a "Embrapa da indústria") estão alinhados com o novo momento.

A formação de recursos humanos está sendo incrementada para satisfazer as necessidades de inovação nas empresas, a exemplo do programa Ciência sem Fronteiras.
Em razão dos elevados riscos financeiros, o governo federal vem partilhando custos das atividades de inovação tecnológica com as empresas por meio de subvenção econômica, fomento a projetos em parceria universidade-empresa e empréstimos com juros subsidiados.

Um dado inquestionavelmente positivo é o consenso existente entre o poder público e a sociedade. Estamos construindo uma política de Estado para ciência, tecnologia e inovação. Ao formar 
um amplo sistema de produção científica, o Brasil mostrou que sabe transformar dinheiro em conhecimento. Agora, precisamos transformar conhecimento em riqueza.


Marco Antonio Raupp é ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.


Nota da redação: O conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores.