segunda-feira, 14 de abril de 2014

Mutações genéticas podem impedir combate de infecções por micobactérias

Cientistas conseguiram identificar que modificações nos genes prejudicam o funcionamento do sistema de defesa do organismo

Foto: Diego Vara / Ageência RBS
Mutações genéticas podem impedir combate de infecções por micobactérias Diego Vara/Ageência RBSPesquisa feita por cientistas brasileiros, apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com o Instituto National da Saúde e da Pesquisa Medica (Inserm) da França está elucidando como nove diferentes mutações genéticas podem impedir o sistema imunológico de combater adequadamente infecções causadas por micobactérias (bactérias em forma de bastonetes retos ou encurvados), entre as quais a tuberculose e a hanseníase.
— Entendendo o mecanismo, conseguiremos tentar novas alternativas terapêuticas. A tuberculose é uma doença endêmica ainda muito prevalente no mundo, para cujo tratamento os medicamentos que existem são muito limitados. São antigos e limitados — disse o professor do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), e coordenador do estudo, Antonio Condino Neto.
O grupo de cientistas já conseguiu identificar que mutações nos genes prejudicam o funcionamento do sistema de defesa do organismo contra micobactérias. Algumas mutações, por exemplo, desestabilizam o sistema NADPH oxidase, responsável pela atividade microbicida dentro dos macrófagos — células com o poder de englobar e destruir corpos estranhos, como bactérias. Assim, as pessoas portadoras da mutação perdem a capacidade de combater as infecções.
— A pessoa nasce já com a mutação, uma variação genética, que torna a resposta imunológica defeituosa. Em função disso, ela tem uma maior chance de contrair infecções por micobactérias, aí no caso destacando, principalmente, a tuberculose — ressalta o professor.
Alguns dos defeitos genéticos já podem ser constatados em um exame de triagem neonatal chamado TREC. O exame é complementar ao teste do pezinho, e já está sendo implementado nos Estados Unidos, Europa, e Japão. No Brasil, os pesquisadores estão realizando o teste em um convênio com a Apae.
— A pesquisa vai continuar tanto no Brasil quanto na França com os nossos parceiros. Acho que vamos descobrir ainda muitos outros defeitos genéticos relacionados a esse tipo de problema. Espero que, com isso, nos próximos anos, consigamos pensar em um novo tipo de vacina para tuberculose e um novo tipo de tratamento — destacou o professor.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/vida/noticia/2014/03/mutacoes-geneticas-podem-impedir-combate-de-infeccoes-por-micobacterias-4442729.html

Cientistas reconstroem impacto de asteroide gigante na Terra


Colisão há 3,26 bilhões de anos faz evento catastrófico que exterminou os dinossauros parecer pequeno


Há cerca de 65 milhões de anos, a queda de um meteoro com entre cinco e dez quilômetros de diâmetro na região que hoje é a costa da Península de Yucatán, no México, lançou a Terra em um longo período de trevas e é apontada como principal responsável pela extinção dos dinossauros. Mas ao longo dos seus 4,5 bilhões de anos de história, nosso planeta foi alvo de outros impactos ainda maiores e agora, pela primeira vez, os cientistas foram capazes de reconstruir um deles.

Segundo os pesquisadores, 3,26 bilhões de anos atrás uma rocha espacial com entre 37 e 58 quilômetros atingiu o que é atualmente o Sul da África a uma velocidade de mais de 72 mil km/h, deixando para trás uma cratera de quase 500 quilômetros de largura, o equivalente à distância entre Rio e São Paulo, e provocando terremotos e tsunamis ao redor do planeta tão fortes e grandes que fazem tanto o evento catastrófico que exterminou os dinossauros quanto os maiores desastres naturais da História recente parecerem pequenos.

Mas apesar da magnitude da colisão, os cientistas tiveram que recorrer a um trabalho de "geologia forense" para reconstruí-la. Isso porque a ação da erosão e dos movimentos das placas tectônicas praticamente "apagou" todas suas marcas, assim como de outros impactos do tipo durante período da evolução da Terra entre 3 e 4 bilhões de anos atrás conhecido como "bombardeio pesado tardio". Um dos poucos sinais que restaram desta série de colisões é um cinturão de rochas verdes com cerca de 100 quilômetros de comprimento e 60 de largura na região de Barberton, entre Joanesburgo, na África do Sul, e a fronteira com a Suazilândia, em que foram encontradas algumas das pedras mais antigas do planeta e serviram de base para o estudo.

- Não podemos ir e ver os locais dos impactos, então para entender o quão grandes eles foram e quais foram seus efeitos precisamos estudar regiões como esta - explica Donald Lowe, geólogo da Universidade de Stanford, nos EUA, e um dos autores de artigo sobre a reconstrução, aceito para publicação pelo periódico "Geochemistry, Geophysics, Geosystems", editado pela União Americana de Geofísica. - Sabíamos que o asteroide tinha sido grande, mas não o quão grande.

Segundo Lowe, o impacto provavelmente exterminou boa parte dos organismos microscópicos que se acredita viviam na época, o que também possivelmente abriu caminho para a evolução de seres mais complexos, assim como o desaparecimento dos dinossauros legou a Terra aos mamíferos, como os seres humanos.

- Estamos tentando entender as forças que moldaram nosso planeta bem cedo durante sua evolução e, assim, os ambientes onde a vida também evoluiu - considera.

(Cesar Baima / O Globo)