Refiro-me ao artigo do professor José
Goldemberg, publicado no Estadão e projetado pelo Jornal da Ciência.
Discordo do ilustre cientista a começar
por ele dizer que transgênicos são feitos para proteger plantas de pragas.
Sabe-se que o único transgênico plantado para essa finalidade no Brasil é o
milho Bt. Assim, o professor esqueceu ou fez esquecer que, para essa
finalidade, é introduzido na planta um gene produtor de toxina que mata insetos
e, consequentemente, a planta passa a funcionar como um inseticida!
A toxina Bt, assim como mata insetos,
intoxica o próprio ser humano. Frequentemente é citado na literatura o alto
risco, inclusive fatal, para o indivíduo. Um exemplo dessas variedades de milho
Bt é a variedade milho MO 810: proibida para uso humano pelo próprio país
produtor, pela França, Alemanha, Inglaterra e outros países europeus.
Infelizmente, a variedade é autorizada no Brasil e quem autorizou não se
preocupou em nos fazer de simples cobaias! Em países pobres da África foi
rejeitado até como presente. A Zâmbia preferiu ver seu povo sofrer de fome a
morrer envenenado! Além de matar insetos invasores, a toxina Bt mata insetos
úteis, como abelha de mel e outros polinizadores necessários para que a planta gere
frutas.
Quando esse tipo de transgênico morre,
ao final de estação de crescimento, suas raízes deixam para o solo resíduos
tóxicos que matam bactérias fixadoras de nitrogênio e transformam o solo em um
ambiente envenenado para o crescimento da bactéria fixadora do Azoto, que forma
fertilizante. Assim, fica impedido o crescimento de qualquer cultura
leguminosa. O fabricante desse transgênico gasta milhões de reais com todos os
tipos de propagandas, em todas as formas e todos os níveis: o resultado é o
mais alto nível o custo das sementes transgênicas, que chega a ser 130 vezes
mais cara do que o preço normal. Os pequenos agricultores enganados e iludidos
pela propaganda, quando não podem pagar dívidas, correm para um destino
trágico: o suicídio. Há muitos casos conhecidos da Índia, que chegou a registrar,
em apenas um ano, 180 mortos.
É bom um físico falar sobre
hidrelétricas, mas é questionável que se afirme dogmaticamente sobre
transgênicos. E por que ele escolheu transgênicos para associá-los às
hidrelétricas? Será como uma fachada que esconde o mal dos transgênicos? Isto
me lembra do manifesto assinado por cem ganhadores de Nobel em favor de
transgênicos escondendo atrás o arroz dourado. Entre esses ganhadores de Nobel,
físicos, químicos, até de literatura e, além de tudo, três mortos!
Lembro-me também de um cientista distante da área que foi há dez anos à
Câmara de Deputados com argumentos e pedidos para a liberação da
soja transgênica, e não pelos resultados científicos, que nunca foram
apresentados e nem existiam, mas para não prejudicar agricultores que
contrabandeavam soja.
Nagib Nassar
Professor emérito da Universidade de Brasília
Presidente
da fundação FUNAGIB (www.funagib.geneconserve.pro.br)
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