sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Hubble Revela as Origens das Galáxias Modernas


Levatamento que cobriu 80% da História do Universo mostra que diversidade de formatos e tamanhos observada hoje já existia há 11 bilhões de anos



No Universo atual, as galáxias têm variadas formas e tamanhos e são classificadas por um sistema conhecido como Sequência de Hubble, criado pelo astrônomo americano Edwin Hubble em 1926. Com base na morfologia e intensidade de formação de estrelas, as galáxias foram então organizadas em um zoológico cósmico de estruturas espirais, elípticas e irregulares com diferentes distribuições de seus braços, halos, nuvens de gás e poeira e núcleos brilhantes. Mas como essa classificação morfológica se mantém à medida que olhamos para o passado, quando o Universo era jovem? A resposta, a partir de um levantamento realizado com o telescópio espacial Hubble, é que a sequência é válida há pelo menos 11 bilhões de anos.

- Esta era uma questão chave: quando e ao longo de qual escala de tempo a Sequência de Hubble emergiu? - diz BoMee Lee, astrônomo da Universidade de Massachusetts e principal autor de artigo sobre o levantamento, a ser publicado pelo periódico científico "Astrophysical Journal". - Para fazer isso, precisávamos observar galáxias distantes e compará-las com suas parentes mais próximas para ver se elas também poderiam ser descritas da mesma maneira.

Assim, o levantamento, batizado Candels ("velas" em inglês), observou os tamanhos, formatos e cores de galáxias ao longo dos últimos 80% de História do Universo. Ele revelou que os dois principais tipos de galáxias identificados na Sequência de Hubble, elípticas e espirais, já estavam presentes 11 bilhões de anos atrás, assim como um terceiro, chamadas galáxias lenticulares e que ficam no meio do caminho entre os outros dois tipos.

- Este é o único amplo estudo até agora da aparência visual das grandes e massivas galáxias que existiam tão longe no tempo - afirma o astrônomo Arjen van der Wel, do Instituto Max Planck de Astronomia em Heidelberg, na Alemanha, e coautor do artigo. - As galáxias parecem notadamente maduras, o que não é previsto pelos modelos de formação galática para tão cedo na História do Universo.

Segundo os astrônomos, as galáxias deste Universo jovem podem ser divididas em azuis com intensa formação estelar e estruturas complexos - incluindo discos, protuberâncias e aglomerados irregulares - e massivas galáxias vermelhas que não estão formando mais estrelas, como as vistas no Universo próximo. Galáxias tão ou mais massivas quanto a Via Láctea, no entanto, são um tanto raras no Universo jovem, o que dificultou a obtenção de uma amostra grande o bastante de galáxias maduras para melhor descrevê-las de acordo com a Sequência de Hubble. Desta forma, o levantamento Candels foi planejado para preencher esta lacuna.

- O enorme banco de dados do Candels foi um grande recurso que usamos para estudar de forma consistente as antigas galáxias do Universo primordial - destaca Lee. - A Sequência de Hubble fundamenta muito do que sabemos sobre como as galáxias se formaram e evoluíram, e verificar que ela já estava presente no Universo há tanto tempo atrás é uma descoberta significativa.

(Cesar Baima / O Globo)

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