Drausio Atalla e Carlos Henrique Mariz são técnicos da Eletronuclear. Artigo publicado no jornal O Globo de hoje (24).

Diante do crescimento dos últimos anos, praticamente toda nossa infraestrutura se tornou obsoleta e diminuta. A ascensão socioeconômica de milhões estressa nossos sistemas de saúde, educação, segurança, habitação e saneamento. Em todas as áreas encontramos evidências de um sapato pequeno, apertando e se esgarçando, diante do crescimento do pé. Quem é grande, frequentemente tem o pé grande. Um pé grande ocupa espaço e, vez por outra, pisa nos outros - o que leva à necessidade de defesa, onde também precisamos crescer.
Vejamos o setor de eletricidade. Consumimos apenas 2.400 KWh/pessoa/ano, diante de um consumo mínimo de 5.000 entre os países desenvolvidos, chegando ao despropósito de 15.000, em alguns países. O vínculo entre consumo de eletricidade e desenvolvimento humano talvez seja o mais íntimo entre as infraestruturas e o estado de bem-estar social. Onde puder ser instalado um motor elétrico nenhuma outra máquina será tão eficiente quanto este equipamento - o que exprime a importância dos sistemas de eletricidade de um país.
Diante do longo tempo de maturação de um empreendimento de geração elétrica e considerando que a exaustão de nossas fontes hidráulicas ocorrerá num prazo de 10 a 15 anos, precisamos urgentemente expandir outras fontes de eletricidade. Tanto as renováveis, porém intermitentes, quanto as de base.
A visão de centrais nucleares em locais selecionados a partir de dezenas de critérios e utilizando a tecnologia mais avançada, com investimentos complementares do Estado e do capital privado, pode atenuar a necessidade de infraestrutura de geração elétrica. A visão de três grandes centrais nucleares, com até seis unidades no Sudeste, no Sul e no Nordeste, dobraria nossa capacidade nacional de geração, trazendo segurança de abastecimento e preços acessíveis, além de impulsionar as economias dessas regiões. Grande parte dessa infraestrutura pode ser instalada com capital privado amortizável em 15 anos. Dessa maneira, nos beneficiaríamos com eletricidade abundante e acessível pelo resto do século. O que estamos esperando?
* A equipe do Capela da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do blog.
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