Segundo o pesquisador Alexandre Gomes,
do Insa, os experimentos mostraram que a solução do óleo da umburana cambão tem
uma eficiência de 50% a partir de 90 partes por milhão, o que significa que
apenas uma gota é suficiente para proteger uma caixa d’água do Aedes
O Instituto Nacional do Semiárido
participa de rede de pesquisa que estuda os potenciais das espécies nativas da
Caatinga. Enquanto a umburana de cambão possui propriedades inseticidas e pode
ser usada no combate ao Aedes aegypti, a maçaranduba e a vick apresentaram
grande eficácia contra a triconomose. Já o pequi é rico em proteínas, fibras,
vitaminas A e C, minerais e compostos fenólicos e carotenoides totais, que
estão associados à prevenção de processos oxidativos.
O potencial das plantas na prevenção e
na cura de doenças motivou a formação de uma rede de pesquisa sobre as
propriedades medicinais, terapêuticas e aromáticas das espécies da Caatinga,
bioma exclusivamente brasileiro. Com um rico patrimônio biológico, a Caatinga
abriga animais e plantas adaptados à escassez de água. Jatobá (Hymenaea courbaril), pau-ferro ou jucá (Libidibia ferrea), pequi (Caryocar coriaceum), macaúba, ameixa do
mato (Ximenia americana), umburana de
cambão (Commiphora leptophloeos) são
espécies com potencial antioxidante, inseticida, fungicida e bactericida.
Desde 2010, pesquisadores do Núcleo de
Bioprospecção da Caatinga do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) se uniram no esforço de estudar as plantas da Caatinga.
Uma delas, a umburana cambão, se revelou uma importante arma contra o Aedes
aegypti, mosquito transmissor da dengue, vírus zika e febre chikungunya.
Segundo o pesquisador Alexandre Gomes,
do Insa, os experimentos mostraram que a solução do óleo da umburana cambão tem
uma eficiência de 50% a partir de 90 partes por milhão, o que significa que
apenas uma gota é suficiente para proteger uma caixa d’água do Aedes. O cheiro
característico da folha da árvore foi a pista para investigar as possíveis
propriedades inseticidas da planta.
“Já sabemos que alguns compostos de
plantas têm atividade inseticida. Esses compostos são chamados terpenoides e
podem ser aromáticos voláteis. Um exemplo deles está na folha da pitanga, que,
quando se amassa, tem um cheiro típico”, explica Gomes.
Apesar do resultado satisfatório da
umburana contra o mosquito da dengue, é fundamental não descuidar das
recomendações para combater o Aedes aegypti como eliminar criadouros,
esvaziando e lavando todos os recipientes que acumulem água; limpar as calhas
das casas; e preencher pratos de vasos de plantas com areia. Nem mesmo água
sanitária é garantia de que o mosquito não se desenvolverá.
Antioxidantes
naturais
Outras
plantas têm o poder de neutralizar os oxidantes no organismo humano, como o
cambuí, a macaúba e o pequi. Nativo do Cerrado e também encontrado na Caatinga,
o pequi (Caryocar coriaceum) é rico
em proteínas, fibras, vitaminas A e C, minerais e compostos fenólicos e
carotenoides totais, que estão associados à prevenção de processos oxidativos.
Por isso, o óleo de pequi, extraído da sua polpa ou amêndoa, é aplicado em
cosméticos, como cremes anti-idade. Além disso, foram verificados os benefícios
do pequi para a ação anti-inflamatória, proteção cardiovascular, prevenção de
aterosclerose e redução da pressão arterial.
Os pesquisadores também observaram
propriedades antioxidantes no cambuí (Myrciaria
tenella) e no fruto da macaúba (Acrocomia
aculeata), palmeira nativa encontrada em extensa área do Brasil, usada na
produção de biocombustível.
DST
Os
cientistas ainda descobriram nas plantas da Caatinga potencial para o
desenvolvimento de novos antibióticos para tratar micro-organismos mais
resistentes. Os medicamentos usados contra a triconomose, doença sexualmente
transmissível com 276 milhões de novos casos por ano, segundo a Organização
Mundial da Saúde, estão perdendo a eficácia diante da resistência do
protozoário Trichomonas vaginalis.
Uma solução, investigada por pesquisadores da UFRGS, é o extrato da espécie Polygala decumbens, popularmente
conhecida como vick, que foi capaz de controlar a infecção causada pelo
protozoário.
Substâncias encontradas no extrato da
folha da maçaranduba (Manilkara rufula)
também se mostraram eficazes contra a triconomose. O trabalho investigou a
atividade do extrato acetônico da folha da planta (produzido a partir do pó da
folha mergulhado na acetona, um solvente orgânico) e de sete frações produzidas
a partir deste extrato. O estudo comprovou que concentrações de 10 mg/mL do
extrato e as frações foram capazes de matar os protozoários.
Fonte:
Ascom – MCTIC