Por Murilo Julião
As
técnicas convencionais para detecção de proteínas baseiam-se normalmente em
alguma forma de "imunoensaio", como o mais famoso deles: o ensaio
imunoabsorvente de enzimas ligadas (ELISA). Esta técnica envolve a introdução
de uma proteína de anticorpo modificado enzimáticamente numa quantidade
desconhecida da molécula alvo ou proteína, conhecida como antígeno, permitindo
a ligação entre eles. Os anticorpos que não reagem são removidos por lavagem, sobrando
apenas os pares de anticorpo-antígeno.
A
reação geralmente pode ser detectada por uma alteração de cor da solução ou
através de um sinal fluorescente. O grau de mudança de cor ou fluorescência
depende do número de anticorpos modificados enzimáticamente presente, que por
sua vez depende da concentração inicial de antígeno na amostra.
Embora
tais testes sejam rotineiramente utilizados em hospitais e clínicas, eles podem
levar vários dias ou mesmo semanas para serem concluídos. São também caros,
complicados de executar e podem detectar apenas uma proteína de cada vez.
Nanossensores e marcadores
"Nossos
sensores de nanotubos são relativamente simples quando comparados aos testes de
ELISA", afirma Mitchell Lerner, membro da equipe da Universidade da Pensilvânia.
"A detecção ocorre em poucos minutos, uma caixa com 2000 desses sensores custa
cerca de R$ 100,00 ou R$ 0,50 centavos por sensor."
Mais
importante ainda, os sensores são muito mais sensíveis às proteínas-alvo em
questão. De fato, os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia mostraram que
poderiam detectar um biomarcador de câncer de próstata chamado osteopontina
(OPN) em 1 picograma/mL, o que é cerca de 1000 vezes menor do que os testes clínicos
realizados por ELISA.
Detectando
a doença de Lyme: anticorpos comercialmente disponíveis (centro) são ligados
aos transistores de nanotubos de carbono. Os antígenos de Lyme (espirais amarelas/roxas)
são capturados e detectados. (Cortesia: Universidade da
Pensilvânia)
Ligações
fortes
A
técnica também pode ser usada para detectar uma série de outras doenças através
da substituição superficial do anticorpo ligante de OPN por grupos funcionais sensíveis
a diferentes biomarcadores, disse Lerner. Um biomarcador que os pesquisadores afirmaram
ter detectado está relacionado à doença de Lyme. Também conseguiram detectar a
bactéria salmonela, usando esse sensor.
"Os
sensores podem ser utilizados como ferramentas de diagnóstico que permitem aos
médicos obter resultados de testes clínicos em tempo real para uma variedade de
doenças", acrescenta Lerner. "Se pudéssemos integrar várias proteínas
num único chip, poderíamos detectar centenas de proteínas biomarcadoras de
doenças, simultaneamente, num único pequeno volume da amostra".
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