Bactérias nos quadros

Eflorescências salinas
O projeto surgiu quando os pesquisadores foram encarregados de restaurar os murais da Igreja de São João, que foram praticamente destruídos em um incêndio em 1936, e indevidamente restaurados na década de 1960. Pesquisadores italianos já haviam testado o uso de bactérias para remover cola endurecida nas obras de arte. A equipe espanhola aperfeiçoou a técnica e identificou a cepa da bactéria Pseudomonas mais adequada para literalmente comer as eflorescências salinas que se desenvolveram sobre os afrescos. "Pela ação da gravidade e da evaporação, os sais de matéria orgânica em decomposição migram para as pinturas e geram uma crosta branca, escondendo a arte," explica Pilar Bosch, coordenadora da equipe.
Bactérias faxineiras
Como os produtos químicos tradicionalmente utilizados na restauração de obras de arte têm seus próprios efeitos colaterais, o jeito é chamar as bactérias. As bactérias são incorporadas em um gel, que é aplicado sobre a pintura. Isso evita que a umidade penetre na pintura, causando novos problemas. "Depois de uma hora e meia, nós removemos o gel com as bactérias. A superfície é então limpa e seca," diz a pesquisadora. Sem o ambiente adequado do gel, as bactérias restantes morrem. E o quadro fica limpo. "Com os bons resultados dos testes, nós vamos continuar com os estudos e melhorar a técnica, com o objetivo de passá-la para outras superfícies. Como na natureza nós encontramos bactérias que comem praticamente tudo, estamos certos que poderemos eliminar outras substâncias, de diferentes tipos de materiais," conclui a pesquisadora.
Agradecimento: Bióloga Carliane Ribeiro
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