Para ABC
e SBPC, o cumprimento das metas do PNE pode reverter cenário negativo nos
próximos anos
O Brasil precisar adotar, com urgência,
medidas para melhorar a educação e evitar mais uma geração com números
medíocres nos próximos 20 anos. A análise é do vice-presidente da Academia
Brasileira de Ciências (ABC), Hernan Chaimovich, em palestra durante o 2º
Encontro Regional de Membros Afiliados da ABC, na unidade do Mackenzie, em
Higienópolis, São Paulo.
“Se as ações em grande escala não forem
tomadas rapidamente todas as crianças de até 12 anos (25 milhões de crianças)
serão perdidas até 2035, em termos de educação”, disse. Hoje a educação dos
ensinos médio e fundamental é de responsabilidade municipal e estadual,
principalmente.
Chaimovich citou os últimos dados do
PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), coordenado pela
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mostram
distâncias consideráveis nos números da educação do Brasil em relação aos de
países do bloco.
Para Chaimovich, no Brasil, os
problemas atingem todos os níveis educacionais. No ensino superior, declarou,
os números são assustadores. Isso porque em cada 10 estudantes que ingressam na
universidade apenas 4 concluem os estudos, em média.
Citou ainda dados do Anuário Brasileiro
de 2012 sobre a educação básica que mostram que 35% dos adultos com idade entre
35 e 45 anos são analfabetos funcionais. “Isto é, sabem escrever seu nome, sabe
fazer sua assinatura, mas não conseguem ler um jornal”.
Nesse caso, reiterou palavras da
presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência sobre a
necessidade de fazer uma revolução no sistema educacional nacional.
“Ou se faz uma revolução na educação,
como prega a presidente da SBPC (Helena Nader), ou vamos ter mais uma geração
com números medíocres na educação”.
Por sua vez, Helena Nader, presidente
da SBPC, lamentou o atual cenário da educação nacional. “No nosso País o que
fizemos foi uma grande inclusão sem nenhuma qualificação”, atestou.
Na visão dos dois especialistas, o
cumprimento de forma eficaz das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) - que
reúne 20 metas e estratégias para a educação nos próximos dez anos – pode
reverter tal cenário nos próximos anos.
Segundo Helena, a sociedade civil
precisa acompanhar o cumprimento de todas as metas do PNE, fiscalizando cada
uma. “O PNE é o que a sociedade quer, mas sem fiscalização não vai dar”,
pontuou.
Com a mesma opinião, Chaimovich disse
que se o PNE for executado conforme recomendam suas 20 metas não haverá crise
no sistema educacional nos próximos 20 anos.
Desafios
do Brasil
Para Helena, o governo precisa
considerar a educação científica uma estratégia para o desenvolvimento do País.
Ela afirma que um dos desafios do País é melhorar a qualificação dos
professores de ciência da educação básica, conforme recomendam as metas 15 e 16
do PNE.
Outro desafio é dotar as escolas
públicas de laboratórios didáticos e livros de ciência, além de fazer com que
os alunos do ensino médio aprendam a utilizar o método científico, mais do que
absorver conhecimentos científicos. A presidente da SBPC recomenda ainda
ampliar os programas de iniciação científica no ensino médio.
Divulgação
científica
Helena Nader aproveitou o momento para
lamentar a perda de espaço da área de ciência, tecnologia e inovação nos
principais veículos de comunicação do País, canais importantíssimos para a
divulgação científica.
Nader vê também necessidade de ampliar
os investimentos em museus de ciência a fim de ampliar os espaços de divulgação
científica no País.
(Viviane
Monteiro/ Jornal da Ciência)
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