Ranking online compara e cruza valores do “índice h”
para todas as ciências.
Por Richard Van Noorden
Karl
Marx é o estudioso mais influente de todos os tempos, de acordo com o sistema
de ranqueamento corrigido para disciplinas diferentes.
Será que o físico teórico
Edward Witten é mais influente em seu campo de atuação do que o biólogo Solomon
Snyder é entre os cientistas que estudam a vida? E como os seus índices de impacto
acadêmico podem ser comparados com os de grandes cientistas do passado, como
Karl Marx entre os historiadores e economistas ou Sigmund Freud entre os psicólogos?
O desempenho métrico
desses índices baseado base em valores, tais como: taxa de citações é
fortemente influenciada pelo campo de atuação de cada cientista, por isso a
maioria dos cienciometristas evita comparações interdisciplinares. Um bioquímico
mediano, por exemplo, sempre terá um índice de impacto maior do que um
matemático mediano, pois a bioquímica sempre atrairá mais citações.
Mas os pesquisadores da Universidade
Bloomington do estado de Indiana-USA consideram que é possível trabalhar uma melhor
maneira de corrigir esse viés disciplinar. E publicaram seus resultados
on-line, pela primeira vez, fazendo com que os acadêmicos possam comparar o ranking
dos estudiosos de todas as disciplinas.
O ranking
provisório (e constantemente atualizado) de cerca de 35 mil pesquisadores se
baseia em pesquisas feitas por meio do Google Acadêmico para normalizar a produtividade
e o impacto das pesquisas de um cientista, conhecido como índice h (um cientista com um índice h de 20 publicou no mínimo 20 artigos
com pelo menos 20 citações cada, portanto esse índice leva em conta a
quantidade e o impacto da pesquisa). Observou-se que no dia 05 de novembro de
2013, o estudioso mais influente foi Karl Marx em história, à frente de Sigmund
Freud em psicologia. O terceiro foi Edward Witten, um físico do Instituto de
Estudos Avançados de Princeton, New Jersey. A classificação aparece no sítio Scholarometer, desenvolvido por Filippo
Menczer, cientista da computação da Universidade Bloomington, e seus colegas
Jasleen Kaur e Filippo Radicchi. (A lista atualizada dos 10+ é mostrada no quadro
abaixo, construído pela estudante Mohsen Jafari Asbagh).
Estudioso
|
Disciplina
|
Índice hs
|
Índice h
|
Karl
Marx
|
História
|
21,50
|
328
|
Sigmund
Freud
|
Psicologia
|
14,78
|
282
|
Edward
Witten
|
Física
|
12,92
|
243
|
Jaques
Derrida
|
Humanidades,
multidisciplinar
|
12,45
|
238
|
Jean
Piaget
|
Educação
e pesquisa educacional
|
11,63
|
225
|
W.C.
Willet
|
Nutrição
e dietética
|
11,45
|
220
|
G.M.
Whitesides
|
Ciência
de materiais
|
11,22
|
211
|
M.J.
Stampfer
|
Medicina
geral e cirúrgica
|
11,19
|
203
|
R.A. Posner
|
Leis
|
10,80
|
193
|
J.E. Sanders
|
História
|
10,52
|
187
|
"Achamos
que existe uma grande procura por isto. Nossos colegas usam o Google Acadêmico
o tempo todo e ainda assim só apresentam o índice ‘h’, disse Menczer." Constantemente nos perguntamos "como vamos
avaliar pessoas numa disciplina que não compreendemos?"
Em outubro de 2013, o
grupo de Menczer publicou um artigo[1] argumentando que a melhor maneira
estatística para remover um viés disciplinar é dividir o índice h de um pesquisador pela média de seu
campo de estudo.
Usando esta correção, o
índice de Karl Marx é 22 vezes maior do que a média do índice h de outros estudiosos da área de história
(ou 11 vezes maior do que um economista mediano). O índice h de Ed Witten é 13 vezes maior do que a média dos físicos e assim
por diante. Esse efeito garante que aqueles que, por exemplo, estão entre os 5%
mais importante de sua disciplina também aparecem entre os 5% mais importantes entre
todos os estudiosos.
A ideia não é nova. Os
cienciometristas têm inventado vários métodos
para resolver essa distorção, muitas vezes utilizando as médias baseadas na idade,
revista e campo acadêmico. Medidas normalizadas podem ser adquiridas de
empresas comerciais de informação como a Thomson Reuters.
Existe uma primeira vez para tudo
Porém, o Scholarometer empurra
as fronteiras de duas formas. O mais importante é que a sua normalização de
pontos é de livre acesso, ao contrário da maioria dos sítios. A análise da
Thomson Reuters fundamenta-se em bases de dados privadas e não podem ser tornar
públicas. Outro sítio, publicar ou perecer, não dar um retorno
quanto à variedade de idades e de campos normalizados de consultas públicas
para o Google Acadêmico – mas apenas um de cada vez. O problema é que o Google
Acadêmico bloqueia automaticamente o programa de computador quando há choques de
várias consultas, impossibilitando de realizar dezenas de consultas.
A solução do grupo da
Universidade de Indiana foi a criação de um programa automatizado que não
consulta individualmente o Google Acadêmico, mas sim raspa os resultados de
consultas individuais do Google Acadêmico colocadas através de uma extensão do
navegador Scholarometer. Ao longo dos anos, o grupo construiu uma base de dados
pública dinâmica, com índices h
constantemente revisados à medida que novas pesquisas são adicionadas ao Google
Acadêmico. Menczer disse que um índice h com correção de idade permite a
comparação entre estudiosos em diferentes fases de suas carreiras.
O
problema da normalização é muito mais complicado do que parece – como decidir o
que constitui um campo? Um pesquisador de células tronco pode pensar que é
injusto que o seu índice seja corrigido pela média do índice de todos os
biólogos, por exemplo. A equipe do Scholarometer acredita que um cruzamento de
fontes, colocando nos pesquisadores, de vários campos de estudo, um rótulo sugerido
pelas consultas ao Google Acadêmico. Karl Marx, por exemplo, é rotulado como um
historiador, economista e filósofo, com o maior índice em história.
Nature
doi:10.1038/nature.2013.14108
Referencia:
Kaur, J., Radicchi, F.; Menczer,
F. J. Inform. v. 7, p. 924–932, 2013.